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HOMEM ARANHA: LONGE DE CASA (2019) - FILM REVIEW

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É uma jornada inglória a do novo Homem aranha nos cinema. O primeiro ponto é que se o filme de 2002 de Sam Raimi já era recente, imagine só  "O espetacular Homem-Aranha 2" sendo de 2014? A sensação era de que um novo aranha seria desnecessário. Segundo ponto: O Homem aranha de Sam Raimi é um dos passos mais importantes dados para termos o nível de heróis que temos hoje.  Começou com Batman/ Batman - o retorno, de 1989 e 1992 respectivamente. A qualidade de ambos plantou a semente que vimos em filmes como Cavaleiro das trevas. Mas demorou um pouco para a semente dar frutos, mas eles vieram finalmente com X-men / X-men 2, de 2000 e 2003 e, claro Homem aranha / Homem aranha 2 de 2002 e 2004. Curiosamente, cada filme dos citados e as continuações são conduzidos pelos mesmos realizadores: Tim Burton, Bryan Singer e Sam Raimi.

Indiscutivelmente. o aranha de Raimi é mais importante que qualquer outro já feito depois. Raimi foi Raimi no filme, o que é um feito e tanto. As suas trucagens visuais, closes e maneirismos estão todos lá. Só que isto funciona para o bem e  para o mal. Seu Peter Parker é uma variação do seu personagem Ash de Evil Dead. E vamos ser sinceros, a genialidade de Raimi reside na sua pegada extremamente autoral. Não teria qualquer sentido colocar um diretor como ele numa produção em que o estúdio mandava em tudo.


Com isto, Homem aranha  de Raimi foi ganhando fãs e mais fãs. Mesmo com alguns dos piores momentos de todos os tempos em uma produção do gênero. Dois momentos que me veem à cabeça: a primeira vez que Peter escala paredes, podemos ver que é uma animação grotesca, mesmo o filme tendo custado em torno de 150 milhões de dólares. O outro foi a infeliz dancinha de Parker no terceiro filme. Encabeçaria fácil um post sobre "Momentos de vergonha alheia no cinema". 

Com Homem de ferro em 2008, dirigido por Happy Hogan, ou melhor, Jon Favreau, foi dado o pontapé inicial para termos o maior projeto da história do cinema: O Universo Compartilhado Marvel. Com este projeto, a Marvel fez história e influenciou muita gente, inclusive a DC. E as coisas foram acontecendo, as bilheterias aumentando, a aceitação surpreendendo, até que a Sony, que detém os direitos do Homem aranha, cedeu o personagem para a Marvel usá-lo neste Universo. E assim, o aranha apareceu em Capitão América: Guerra Civil de forma breve, mas inesquecível. Só o trailer em que ele aparece se tornou o mais visto da história do You Tube.


Mas disto nasceu um novo problema: O aranha, ainda que brilhantemente interpretado por Tom Holland, é um personagem que nasceu à sombra do Homem de ferro, que como sabemos, encontrou o criador em Vingadores: Ultimato.  A jornada do aranha é totalmente dependente de Tony Stark.

Longe de casa

Peter Parker (Tom Holland) está em uma viagem de duas semanas pela Europa, ao lado de seus amigos de colégio, quando é surpreendido pela visita de Nick Fury (Samuel L. Jackson). Precisando de ajuda para enfrentar monstros nomeados como Elementais, Fury o convoca para lutar ao lado de Mysterio (Jake Gyllenhaal), um novo herói que afirma ter vindo de uma Terra paralela. Além da nova ameaça, Peter precisa lidar com a lacuna deixada por Tony Stark, que deixou para si seu óculos pessoal, com acesso a um sistema de inteligência artificial associado à Stark Industries.


O filme não é só mais um vilão contra herói. Existe uma profunda dor dos personagens com os eventos acontecidos em Guerra infinita e Ultimato, além da adaptação da população mundial com a questão de que metade ficou sumida 5 anos e quando reapareceram, o planeta estava cinco anos mais velho. Ou seja, quem tinha 3 anos e um teve um irmão mais velho de 5 que despareceu, no retorno, ele continuou com 5 e o outro tinha 8. Ou seja, muda toda a dinâmica da vida. 

Por conta de tantos filmes já feitos e tão próximos, o novo aranha precisou se reinventar. Mudaram muitas coisas aqui e ali, como a idade da Tia May, que mais parece sua mãe (e jovem ainda por cima). Não mostraram também aquela dinâmica da morte do Tio Ben, bem como a importância do fato para a formação da consciência de herói do personagem.

E com todas as peças no lugar e o tabuleiro montado, veio a bomba que chocou o mundo: a Marvel e a Sony não chegaram a um acordo financeiro para continuarem a parceria, principalmente depois de "Longe de casa" se tornar o primeiro Aranha nos cinemas a bater um bi nas bilheterias mundiais, que foi um grande feito, considerando a ideia do esgotamento do personagem no cinema.


No acordo prévio, a Sony Pictures continuaria a possuir, financiar, distribuir e exercer o controle criativo final sobre os filmes do Homem-Aranha. Kevin  Feige declarou que a ideia  da Marvel  é seguir o modelo da série de filmes de Harry Potter, tendo o enredo de cada filme cobrindo um novo ano escolar, descrevendo como uma espécie de como fazer uma jornada para Peter não muito diferente da que os alunos de Hogwarts passam por cada um dos seus anos.

No final das contas, acho que ninguém esperava que o sucesso fosse tão grande que a Marvel passou a querer uma fatia maior do bolo, esquecendo o mais importante: os fãs. Ficaríamos sem o impactante desenrolar de "Longe de casa"? Não veríamos mais o Aranha mencionando Tony Stark?

Quem entrou em cena?  O Homem aranha, ou melhor, Tom Holland. Após a separação das duas empresas em agosto, o ator procurou o CEO da Disney, Bob Iger, e o presidente da Sony, Tom Rothman, diversas vezes para pressionar as duas partes a chegarem a um acordo. Holland convenceu as empresas mostrando o forte fluxo de fãs do herói Amigão da Vizinhança. Outro fator que ajudou a reforçar o acordo foi a hashtag #SaveSpiderMan (salve o Homem-Aranha) que os fãs criaram e divulgaram na internet após o ator aparecer na D23 para divulgar a animação Dois irmãos: Uma jornada fantástica.


Com o novo acordo, o Homem aranha poderia continuar no Universo Marvel e aparecer nas produções da Sony. Uma das cenas pós-créditos em que aparece  J. Jonah Jameson (J.K. Simmons), interpretado pelo mesmo ator dos filmes dirigidos por Sam Raimi na Sony já sinalizava que haveria dois caminhos a serem seguidos e de forma simultânea.

Teia de mentiras

Longe de casa funciona como uma verdadeira teia de mentiras, onde nada é o que parece, e mesmo quando você acha que entendeu, vem uma nova mentira e sobrepõem o que havia sido dito anteriormente. Como o Grande truque, de Christopher Nolan: nada é o que parece. Neste sentido, seria quase aceitável ignorar tudo que aconteceu caso o filme saísse dos planos da Marvel. Mas também seria uma pena.


O filme meio que fecha da mesma forma que o primeiro Homem de ferro, funcionando como um arco de 23 filmes que se cumpre. A jornada do vilão também é muito bem explicada, estabelecendo conexões com os primeiros “Homem de ferro” e mostrando que suas motivações residem na arrogância de Stark em tratar seus funcionários na época. E para quem é fã, lembra bem que o Homem de ferro era tudo, menos herói naquele tempo e foi amadurecendo como tal ao longo dos filmes.

"What the Fu..."

Agora tape os ouvidos, respire fundo e assimile: Tom Holland e os dois filmes do Aranha são muitoooo melhores que os dirigidos por Raimi. Mas muito. De longe (sem trocadilhos). Tudo é melhor. Só não é, evidentemente, mais importante. Não há uma vírgula sequer dos filmes da Sony que são melhores que os da Marvel. Efeitos, interpretações, direção, roteiro, tudo.


E de quebra, conseguem estabelecer seus personagens de uma forma convincente, algo que Raimi não tinha a menor condição de fazer na época. A Marvel consegue dar densidade a personagens com uma facilidade incrível ao mesmo tempo em que junta inúmeros personagens, dando importância a todos.

Saiu de cena aquela risada picareta de Tobey e entrou um personagem com sentimentos, preocupações e em paralelo é um adolescente querendo namorar, ir ao cinema e se divertir. Só que aos poucos, Peter vai conciliando tudo debaixo da roupa vermelha e ainda se tornando um herói.

E Longe de casa não pretende ser nada mais que diversão, ainda que com certa responsabilidade de continuar os dramáticos eventos de Ultimato. E ele cumpre seu papel de ser um blockbuster com louvor.

Aceita que dói menos.




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