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DANÇANDO NO ESCURO (2000) - FILM REVIEW

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O diretor dinamarquês fez uma carreira sem concessões. Da dor ao sexo, mostrou a vida como ela é. E as polêmicas vieram conforme o público, ávido hipócrita, discursava contra um cinema que nada mais faz que documentar a vida real de forma mais crua possível. Seu estilo  favoreceu a criação do Dogma 95 justamente por isto, já que a transição foi espontânea. Um Steven Spielberg seria bem mais complicado, por exemplo.

Dito isto, Dançando no escuro talvez seja sua obra prima. Sua meia hora final, avassaladora. A cena final, daquelas que você fica sem reação, sem saber o que te atingiu. Eu, honestamente, tomei um tiro, e fiquei ali, impávido, aguardando alguma cena pós-crédito, de repente que mostrasse que tudo aquilo foi mentira, fruto da imaginação de Selma Jezkova.


No filme, que se passa nos Estados Unidos em 1964, acompanhamos a  protagonista Selma Jezková (Björk), uma imigrante tcheca que se mudou para aquele país com seu filho Gene (Vladica Kostic). Selma aluga um trailer na propriedade do policial local Bill (David Morse) e sua esposa Linda (Clara Seymour), onde vive muito humildemente. Para sobreviver, trabalha em uma fábrica de indústria metalúrgica pesada com sua melhor amiga Kathy (Catherine Deneuve) e com Jeff (Peter Stormare) que é apaixonado por ela. 

O que ninguém imagina é que Selma sofre de uma doença hereditária degenerativa que está lhe ocasionando uma progressiva cegueira. Por este motivo, Selma guarda cada centavo  do fruto do seu trabalho em uma lata em sua cozinha para custear uma operação que evite que seu filho sofra do mesmo destino. Sonhadora, Selma também sonha em ser atriz, e entra para uma companhia teatral.  Têm-se início uma série de trágicos acontecimentos que mudarão para sempre os rumos de sua vida.


Nasce uma estrela

As filmagens de "Dançando no escuro" foram repletas de problemas. O diretor Lars Von Trier e a cantora e atriz Björk tiveram sérias desavenças, com ela chegando ao ponto de abandonar os sets. Ninguém sabia onde ela estava e ninguém era capaz de contatá-la (sem zap né?).  As filmagens foram suspensas indefinidamente, até que ela resolveu aparecer.  A cantora chegou a cuspir no rosto do diretor em algumas ocasiões. Além disso, um dos produtores executivos do filme, numa crise nervosa, quebrou alguns computadores e chegou a ser internado no hospital. Após o término das filmagens, Björk declarou que esta seria sua primeira e última participação como atriz em um filme.

Nascida em 21 de novembro de 1965 na cidade de Reykjavík, a islandesa Björk Guðmundsdóttir começou sua carreira na música muito cedo. Aos 11 anos, em 1977, gravou um disco, interpretando músicas de vários artistas. No início dos anos 80, ela começou efetivamente a carreira como integrante de bandas alternativas, sendo que após ficar muito conhecida com a última delas, o Sugarcubes,  Björk iniciou a sua influente carreira solo no pop de vanguarda, tendo a sua música baseada na eletrônica mais experimental com influências da música clássica, rock, jazz, folk, industrial, entre outros gêneros.


Sua carreira seguiu vitoriosa.  Björk foi indicada para 13 prêmios Grammy, um Oscar e dois Globos de Ouro. Por sua atuação em Dançando no Escuro, filme vencedor da Palma de Ouro, Björk ganhou o Prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes de 2000. Björk tem uma forte relação com a cultura brasileira, desde a música que fez em homenagem a célebre cantora brasileira Elis Regina até parcerias musicais com artistas brasileiros como Milton Nascimento.

O papel de Cathy, a melhor amiga de Selma (Björk), foi originalmente escrito para uma mulher afro-americana. No entanto, Catherine Deneuve, que havia manifestado vontade de trabalhar com Trier  há vários anos, se interessou pelo papel. Von Trier a escalou,  reescrevendo algumas linhas, tornando-a imigrante francesa.

Em seu livro publicado em setembro de 2005,  "Close Up and Personal", Deneuve escreve sobre as dificuldades nas filmagens. . Apesar de algumas dúvidas iniciais (as filmagens das cenas musicais na fábrica foram "desordenadas" e a pré-produção, que se atrasou), Deneuve disse que as filmagens foram bem profissionais, pois Lars von Trier sabia o que queria fazer e as pessoas seguiam sua liderança. Mais tarde, no entanto, ela disse que percebeu que não havia sentido pedir a von Trier que explicasse mais sua personagem, porque ela não tinha muitas cenas. O relato de Deneuve deixa claro que era difícil trabalhar com Von Trier e Björk , mas ela também comenta que gostou da experiência, sem fazer conexões reais.


A bela, a fera e Dogville

O cineasta dinamarquês Lars Von Trier nasceu em 1956 na cidade de Copenhague. Filho de intelectuais, ele se interessou por cinema desde os 10 anos quando utilizava a câmera de sua mãe e inventava suas próprias técnicas. Trier estudou teoria de cinema na Universidade de Copenhague e direção de cinema na Escola Nacional de Cinema da Dinamarca.

Em 1995, ele e Thomas Vinterberg  criaram o “Manifesto Dogma 95” e o “Voto de Castidade”, colocando algumas regras (que eles mesmos quebrariam com o passar dos anos). Eles levaram um pouco menos de uma hora para estabelecer as diretrizes, e uma semana depois, apresentaram elas ao mundo. (Leia detalhes aqui, na nossa aula de cinema)

They say it's the last song; They don't know us, you see; It's only the last song; If we let it be

Conhecido por ser provocador, de personalidade forte no set e nas entrevistas, os comentários de von Trier durante uma  coletiva de imprensa antes da estreia de Melancolia no festival de Cannes causaram uma controvérsia significativa na mídia, levando o festival a declará-lo como "persona non grata" e bani-lo do festival por um ano.


Dito isto, sua relação com Bjork, como dito, era péssima. Mas em uma entrevista, veio a tona acusações mais graves e que tornam o seu filme a seguir uma mea culpa.  É bem verdade que não conseguiremos nunca saber ate onde tudo aconteceu, até porque a atriz também era esquentada. Ela inclusive atacou uma âncora quando foi questionada sobre o trabalho com Lars von Trier e  comeu parte do seu figurino depois que as filmagens terminaram.

Em 2017, numa entrevista, ela relatou diversos assédios do diretor, dizendo que ele "revidava" sua negativa perseguindo a atriz em cena. Ele fazia um jogo de "morde e assopra"  com a atriz, violando ela psicologicamente de diversas formas.  Bjrok afirmou que Dogville foi baseado nestes abusos, tanto os praticados quanto os desejados.

Infelizmente, chega a ser um clichê de grandes obras do cinema, que cresçam sob pilares de problemas e confusões. Os profissionais sofrem na concepção, mas o público, que na maioria das vezes não toma conhecimento disto quando o filme é lançado, agradece.


A versátil lançou a Coleção Lars Von Trier Vol. 1, com dois filmes anteriormente lançados em edições separadas. Esta coleção contém os filmes;

Disco 1:

Ondas do destino (1996)

“Ondas do Destino”, um dos mais aclamados filmes do polêmico diretor Lars von Trier (“Dançando no Escuro”). Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Atriz (Emily Watson, por sua atuação espetacular), esse cult-movie é apresentado em Edição Especial com quase uma hora de extras, incluindo cenas inéditas e entrevistas.

Em um vilarejo no interior da Escócia, uma jovem se apaixona e se casa com um dinamarquês que trabalha em uma plataforma de petróleo. Infelizmente, ele sofre um acidente que o deixa incapacitado para o resto da vida. Nesta condição, ele pressiona a mulher a procurar amantes e lhe contar detalhes de suas relações.

Dialogando com “A Paixão de Joana d’Arc” (1928), a obra-prima de seu conterrâneo Carl Theodor Dreyer, Lars von Trier realiza um contundente drama moral sobre o amor, o sofrimento e a bondade. Sem dúvida, um dos filmes seminais dos anos 1990.

U+21F0.gif Informações Técnicas:

Título: Ondas do Destino
Título original: Breaking the Waves
País de produção: Dinamarca, França
Ano de produção: 1996
Gênero: Drama
Direção: Lars von Trier
Elenco: Emily Watson, Stellan Skarsgard, Katrin Cartlidge, Jean-Marc Barrr
Idioma: Inglês
Áudio: Dolby Digital 5.1
Legendas: Português
Formato de tela: Widescreen Anamórfico 2.35:1
Tempo de duração: 154 min.
Região: 4
Colorido
Faixa etária: 16 anos

U+21F0.gif Extras:

Cenas cortadas, Lars apresenta o filme em Cannes, Teste da atriz Emily Watson, Entrevista com Adrian Rawlins, Trecho de documentário sobre Lars von Trier, Trailers

”Versátil


Disco 2:

Dançando no Escuro (2000)

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, Dançando no Escuro é uma das obras-primas do polêmico cineasta Lars von Trier (Dogville). Esta Edição Especial apresenta o filme no formato widescreen anamórfico, com mais de uma hora de extras, incluindo o documentário inédito Os 100 Olhos de Lars Von Trier.

A cantora Björk está impressionante como Selma, uma imigrante que trabalha numa fábrica no interior dos Estados Unidos. Vítima de uma doença hereditária, ela está perdendo a visão e, para evitar que o filho tenha o mesmo destino, economiza todo o seu dinheiro para operá-lo. Apaixonada pelos musicais de Hollywood, Selma mistura realidade e fantasia. Porém, a sua vida muda radicalmente quando é acusada injustamente de um crime.

Além da excelente trilha sonora de Björk, Dançando no Escuro tem as participações da grande Catherine Deneuve e do lendário Joel Grey (Cabaré).

U+21F0.gif Informações Técnicas:

Título: Dançando no Escuro
Título original: Dancer in the Dark
País de produção: Estados Unidos, Dinamarca
Ano de produção: 2000
Gênero: Drama
Direção: Lars von Trier
Elenco: Björk, Catherine Deneuve, David Morse, Peter Stormare, Joel Grey
Idioma: Inglês
Áudio: Dolby Digital 5.1
Legendas: Português
Formato de tela: Widescreen Anamórfico 2.35:1
Tempo de duração: 141 min.
Região: 4
Colorido
Faixa etária: 14 anos

U+21F0.gif Extras:

Os 100 Olhos de Lars von Trier, Trailer de Cinema, Galeria de pôster e fotos, Vida e obra de Lars von Trier


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