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A MORTE CAMINHA À MEIA NOITE (1972) - FILM REVIEW


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A maioria dos realizadores italianos da atualidade teve sua estreia cinematográfica com giallos. Nomes como Dario Argento, Mario Bava, Lucio Fulci, Aldo Lado, Sergio Martino, Umberto Lenzi,  Pupi Avati e Luciano Ercoli, realizador de A morte caminha à meia-noite. Sua carreira foi curta, dirigindo apenas 8 filmes num período de 7 anos e apenas na década de 70. Falecido em 2015, ele largou a carreira tão precocemente não por falta de talento ou reconhecimento, mas por ter recebido uma herança milionária, que o desmotivou de continuar ralando nas execuções dos filmes em busca de trocados.

Sua musa,  Nieves Navarro, que trabalhou com ele em seus primeiros filmes, veio a se tornar sua esposa em 1972 e ambos permaneceram juntos até a morte dele. Até esta data (maio/2019), ela está viva, porém aposentada. Navarro adotou o nome artístico Susan Scott em alguns filmes. Ela foi destaque também em Westerns Spaghetti, mas sua carreira se concentrou em filmes eróticos italianos (até Emmanuelle fez !!!) e Giallos.


No filme em questão, a modelo Valentina ( Navarro ) concorda em ajudar seu namorado jornalista/sanguessuga Giò Baldi (Simón Andreu) a pesquisar os efeitos do LSD. Enquanto sob a influência da droga, Valentina vê um homem golpear uma mulher até a morte com uma luva cheia de fincos, destas que lembram acessórios de sadomasoquistas. Baldi publica uma matéria sobre as alucinações, expondo Valentina de uma forma que talvez ela não esperasse. No entanto, Valentina acredita o que viu é real. Ela começa a perceber que o assassino a está stalkeando ela, embora nem Baldi nem a polícia acreditem.

O assassino é uma figuraça. Uma mistura de Anselmo Vasconcelos (que inclusive entrevistei) com Ronaldo Ésper.

Além da sua esposa, o filme é a terceira colaboração entre o diretor Luciano Ercoli e o roteirista Ernesto Gastaldi, lendário roteirista que trabalhou em obras como Keruak (que é um dos meus Guilty pleasures favoritos de todos os tempos), Era uma Vez na América (obra prima de Leone e um dos 10 melhores filmes que já assisti), Trinity e seus Companheiros (um dos melhores filmes do personagem, dirigido por Damiano Damiani e com argumento sugerido pelo próprio Sergio Leone), O Estranho vício da senhora Ward  (um dos melhores Giallos de todos os tempos, dirigido por Sergio Martino), A Máscara do demônio (obra prima de horror dos anos 60) e O chicote e o corpo de ninguém menos que Mario Bava.


Para quem não sabe, o pioneiro do Giallo foi Mario Brava, cujo filme A garota que sabia demais (1963) serviu como o primeiro exemplo verdadeiro do gênero. O nome do filme é uma clara homenagem ao lendário diretor Alfred Hitchcock e seu filme O Homem Que Sabia Demais (1956).

Curioso o fato de que  Nieves Navarro (neste filme, inclusive, creditada aqui como Susan Scott) frequentemente esteve em papéis similares como mulheres "fortes e independentes". A preferência do diretor por esse tipo de personagem foi inspirada na famosa "Fumetti" , uma forma de fotonovela italiana bem comuns, vendidas em bancas de jornais. A palavra remete ao aspecto dos balões usados para exibir os diálogos, que se parece com fumaça saindo da boca dos personagens.

Assim como o Fumetti, Giallo também nasceu nas bancas de jornal. Eles nada mais eram que  romances policiais cômicos produzidos na Itália em 1929, chamado Il Guiallo Mondadori. O nome era uma homenagem às vistosas capas amarelas dos romances.


A literatura Giallo teve grande sucesso e logo começou a atrair diretores de companhias e produtores que queriam experimentar algo novo. Embora o gênero tenha dois estilos: o italiano e o anglo, ambos se utilizam de armadilhas de mistério e suspense. O estilo italiano faz referência a um gênero amplo, o terror, enquanto o estilo anglo é mais conhecido como "um terror a lá italiana". A popularidade do gênero se enraizou na década de 60 e evoluiu paralelamente à corrente do cinema. Os filmes são maiores e mais escandalosos do que as novelas originais, destacando nudez explícita e erotismo descarado que só estavam sugeridos no material de origem.

O enredo do filme, como não poderia deixar de ser, tem os elementos característicos de um bom giallo: A bela mulher em perigo, um escândalo, um derramamento de sangue de forma gráfica e violenta, um assassino misterioso e um enredo labiríntico.


A morte caminha à meia-noite é uma daquelas obras que precisam, muito mais que vistas, revistas, para entender a complexidade de sua história.



A Versátil lançou GIALLO VOL. 6, digistack com 2 DVDs que reúne 4 clássicos inéditos do suspense sangrento italiano dirigidos por especialistas no gênero, como Sergio Martino (“Todas as Cores da Escuridão”) e Duccio Tessari (“Uma Borboleta com as Asas Ensanguentadas”), além de uma hora e meia de extras. Edição Limitada com 4 cards.

Disco 1:

A CAUDA DO ESCORPIÃO (La Coda dello Scorpione, 1971, 95 min.)
De Sergio Martino. Com George Hilton, Anita Strindberg, Alberto de Mendoza.

⇨ Sinopse: Após a misteriosa morte de um milionário, tem início uma série de sangrentos assassinatos que despertam a atenção da polícia. Giallo clássico do mestre Sergio Martino com o astro George Hilton e trilha antológica de Bruno Nicolai.

A MULHER DO LAGO (La Donna del Lago, Itália, 1965, 95 min.)
De Luigi Bazzoni. Com Peter Baldwin, Valentina Cortese, Virna Lisi.

⇨ SinopseHomem chega a uma pequena cidade do interior da Itália em busca de uma mulher que aparentemente se suicidou. Protogiallo de fascinante atmosfera, esta pequena obra-prima é um marco na evolução do gênero em meados dos anos 60.


Disco 2:

A MORTE CAMINHA À MEIA-NOITE (La Morte Accarezza a Mezzanotte, 1974, 102 min.)
De Luciano Ercoli. Com Nieves Navarro, Simón Andreu, Pietro Martellanza.

⇨ SinopseModelo toma uma droga experimental e, em seus delírios, acaba testemunhando um assassinato. Seu pesadelo aumenta quando começa a ser perseguida pela assassino. Excelente giallo com uma inesquecível protagonista feminina.

OS ASSASSINOS SÓ MATAM AOS SÁBADOS (La Morte Risale a Ieri Sera, 1974, 97 min.)
De Duccio Tessari. Com Frank Wolff, Raf Vallone, Gabriele Tinti.

⇨ SinopseUm inspetor de polícia investiga a morte de uma moça de 25 anos com problemas mentais, filha de um viúvo solitário que deseja vingança. Brilhante mistura de giallo e poliziottesco com forte comentário social.


Informações técnicas da edição:

Títulos em português: A Cauda do Escorpião, A Mulher do Lago, A Morte Caminha à Meia-Noite, Os Assassinos só Matam aos Sábados
Títulos originais: La coda dello scorpione, La Donna del Lago, La Morte Accarezza a Mezzanotte, La Morte Risale a Ieri Sera
País de produção: Itália
Ano de produção: 1965-1972
Gênero: Terror
Direção: Sergio Martino, Luigi Bazzoni, Luciano Ercoli, Duccio Tessari
Elenco: George Hilton, Anita Strindberg, Alberto de Mendoza, Peter Baldwin, Valentina Cortese, Virna Lisi, Nieves Navarro, Simón Andreu, Pietro Martellanza, Frank Wolff, Raf Vallone, Gabriele Tinti
Idioma: Italiano
Áudio: Dolby Digital 2.0
Legenda: Português
Formato de tela: Widescreen Anamórfico 1.85:1
Tempo de duração: 389 min.
Região: 0 (multizonal)
Colorido e Preto e Branco
Faixa etária: 18 anos
Extras: Especiais sobre os filmes (82 min.), Trailers (5 min.)


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