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QUEM FOI O POLICIAL FRANK SERPICO

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Serpico é um nome conhecido mundialmente, certamente pelo filme protagonizado pelo ator Al Pacino e dirigido pelo brilhante Sidney Lumet.

Na história, Serpico (Al Pacino) é um policial jovem e idealista que, ao contrário de muitos de seus colegas, se nega a aceitar dinheiro oriundo da extorsão de criminosos locais. Com isso, ele passa a enfrentar a resistência de seus superiores em aceitar seus métodos pouco ortodoxos de combate ao crime e, mais, deixa clara a sua indignação diante da corrupção generalizada entre seus colegas da polícia, passando a colocar a própria vida em risco.

Após aceitar o papel principal, Pacino convidou o verdadeiro Serpico para passar um tempo em sua casa em Montauk, Nova York. Ele queria assistir às filmagens, mas o produtor Martin Bregman recusou com receio de que sua presença atrapalhasse o elenco.


O mito

Serpico (Francesco Vincent Serpico) nasceu em meados dos anos 30 e foi um policial do Departamento de Polícia de Nova Iorque (NYPD), nos Estados Unidos, hoje obviamente aposentando. Ficou conhecido por testemunhar contra a corrupção da sua corporação em 1971, apenas dois anos antes do filme com Pacino chegar às telas. 

Sua juventude foi difícil. Morador do Brooklyn, em Nova York,  e caçula de uma família de italianos da província de Nápoles,  aos 18 anos se alistou no Exército e passou dois anos na Guerra da Coreia. Para quem não sabe, a Guerra da Coreia foi um conflito armado entre Coreia do Sul e Coreia do Norte. Ocorreu entre os anos de 1950 e 1953. Teve como pano de fundo a disputa geopolítica entre Estados Unidos (capitalismo) e União Soviética (socialismo). Foi o primeiro conflito armado da Guerra Fria, causando apreensão no mundo todo, pois houve um risco iminente de uma guerra nuclear em função do envolvimento direto entre as duas potências militares da época.

Em 1959,  Serpico entrou para a Polícia de Nova Iorque, onde foi empossado como um estagiário em 11 de setembro daquele ano (data sugestiva não?). Meses depois foi nomeado policial. De patrulheiro ao serviço burocrático, Serpico passou por diferentes funções até se tornar um policial à paisana, onde viu de perto a corrupção dos seus companheiros de trabalho.


Morte e ressurreição

Serpico foi baleado durante uma operação antidrogas em 3 de fevereiro de 1971, durante uma emboscada em Williamsburg, no Brooklyn. Quatro policiais daquele Distrito tinham recebido uma denúncia de que uma transação de drogas estava ocorrendo. Dois dos oficiais, Gary Roteman e Arthur César, estavam presentes em um carro à frente; o terceiro, Paul Halley, estava de pé, na frente do prédio. Serpico saiu do carro, subiu a escada de incêndio, e ficou observando no telhado. Depois desceu as escadas, viu a compra da heroína e  seguiu os dois indivíduos até o lado de fora. Os outros policiais enquadraram os dois. 

Halley ficou no carro com ambos e com a heroína. Roteman disse a Serpico para falar como um viciado (ele falava espanhol) para que o traficante abrisse a porta e então os policiais os prendessem. Os três policiais subiram os degraus até o terceiro andar. Serpico bateu na porta, mantendo a outra mão dentro de sua jaqueta, em sua pistola 9 milímetros. A porta se abriu alguns centímetros. Frank tentou arromba-lá, mas os traficantes do outro lado logo perceberam e tentaram fechar a porta. Não conseguindo abrir a porta, gritou por auxílio para seus parceiros, que não vieram para ajudá-lo.

"A primeira obrigação de um policial é ser responsável perante as necessidades da comunidade que ele serve… O problema é que a atmosfera ainda não existe na qual um policial honesto pode agir sem medo de ser ridicularizado ou sofrer represálias de outros oficiais. Criamos uma atmosfera na qual o oficial honesto teme o oficial desonesto e não o contrário."
Frank Serpico 

Serpico então foi baleado no rosto por um dos criminosos. A bala penetrou logo abaixo do olho e na parte superior do maxilar, ao que ele caiu no chão e começou a sangrar. Seus parceiros não se apressaram em pedir socorro, nem indicar que um policial havia sido baleado. Ao invés disso, Serpico foi salvo por um homem idoso que vivia em um apartamento ao lado do que estava sendo utilizado pelos traficantes. 

Tal homem chamou a emergência e informou que um homem havia sido baleado, e depois permaneceu para ajudá-lo e mantê-lo vivo até que uma ambulância chegasse. Uma viatura da polícia chegou antes da ambulância, porém os policiais, desconhecendo a identidade de Serpico, levaram ele até o Hospital Greenpoint. Devido ao tiro, Serpico ficou surdo de seu ouvido esquerdo, que lhe cortou um nervo auditivo.


Embora ele tenha sido visitado um dia após o tiroteio pelo prefeito John V. Lindsay, enquanto ele estava internado na cama se recuperando de seus ferimentos, diversos policiais o assediaram com cheques em dinheiro, para que ele não depusesse na Comissão Knapp, responsável por apurar os fatos. Entretanto, ele sobreviveu e por fim, testemunhou. As circunstâncias que levaram ao "acidente" de Serpico rapidamente entraram em questão. 

Ele, que estava armado durante a operação, só foi baleado após um breve afastamento de seus parceiros, que teriam de lhe dar apoio. Ao mencionar que os dois policiais que o acompanhavam não o estavam seguindo, foi levantada a questão de se, realmente, seus parceiros haviam-no levado com intuito de que o policial fosse executado na operação. O acidente não foi devidamente investigado e os policiais envolvidos ainda foram premiados com medalhas de honra.

Em 3 de maio de 1971, a "New York Metro Magazine" publica um artigo sobre o caso intitulado "Um retrato de um policial honesto". Uma semana depois, Serpico testemunha no julgamento de um tenente do Departamento de Polícia de Nova York, acusado de aceitar suborno de traficantes. Dias depois, Serpico é premiado com um distintivo de ouro pelo comissário de polícia e promovido a detetive.

Fim da linha

Serpico se aposentou em 15 de junho de 1972, um mês após ter recebido a maior honraria da polícia, a Medalha de Honra. Depois disto, ele foi  viver na Suíça e na sequência, Holanda, voltando para casa 8 anos depois.  Continua residindo em Nova York hoje, sempre estudando ou dando aulas e palestras, compartilhando suas vivência e sendo exemplo para gerações a décadas. Há casos que interessantes, como do policial que resolveu denunciar a corrupção após ver o filme de Lumet.


Legado

Como resultado dos esforços de Serpico, a polícia de Nova York foi drasticamente alterada. Com a conscientização feita  pela nova diretoria da Comissão de Combate à Corrupção Policial da cidade, o departamento se tornou hostil ao tipo de corrupção sistematizado que havia sido modo de vida há quase 40 anos.

Atualmente, Serpico está com 82 anos...





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