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INTOLERÂNCIA (1916) - FILM REVIEW


Intolerância.

Texto: M.V.Pacheco

Revisão: Thais A.F. Melo


E não é que um dos filmes mais importantes e influentes do cinema, foi um fracasso?

O épico, dirigido por  D.W. Griffith, se passa em quatro lugares diferentes, quatro períodos históricos diferentes e em ordem cronológica, fica assim:

Ano 539 a.C.  Na Babilônia, um conflito religioso leva à guerra entre o Rei Nabonido (Carl Stockdale) e seu filho, o Príncipe Belsazar (Alfred Paget) e Ciro, o Grande, da Pérsia (George Siegmann), o que resulta na Queda da Babilônia e o fim de sua independência. A história, baseada em fatos, é vista do ponto de vista da Moça das Montanhas (Constance Talmadge), levada por seu irmão para o “mercado de noivas” na cidade, que acaba se apaixonando pelo príncipe e lutando em seu exército.


Ano 27 a.C. A história de Jesus Cristo, o Nazareno (Howard Gaye), do primeiro milagre até sua crucificação.

Ano 1572 d.C. Massacre da Noite de São Bartolomeu, na França, em que Caterina de Médici (Josephine Crowell)  fomenta os católicos a assassinar os protestantes huguenotes.

Ano 1914 d.C. O foco principal do filme e única história fictícia, ainda que baseada em questões sócio-políticas até hoje relevantes. Nela, a Doce Menina e o Rapaz enfrentam o preconceito e a hipocrisia puritana para sobreviver e criar seu filho, depois que uma greve e suas consequências obrigam suas respectivas famílias a se mudarem de cidade.


Griffith usa as quatro narrativas distintas para destacar a maldade, a traição, a ambição e a própria intolerância que dá título ao filme como características comuns do homem ao longo da história. Respeitando a narrativa da época e buscando conclusões edificantes para agradar grandes plateias, o diretor constrói diferentes relações entre personagens que procuram destacar que o amor, a coragem e a compaixão são as únicas formas do homem domar seus piores instintos e ter uma chance de redenção. 

O público, porém, que não captava a ligação entre as histórias, desinteressou-se do filme e ele começou a ser cortado para diminuir a duração - originalmente, eram 220 minutos, quase quatro horas. Na França, por exemplo, passou sem o episódio dos huguenotes, mas, até hoje, suspeita-se que foi por censura. As cópias foram sendo reduzidas a 137 min, 129 min, 123 min. O fato é que poucos 'fracassos' foram tão influentes na história do cinema.  O diretor investiu mais de dois milhões de dólares para fazer o filme, uma quantia de dinheiro sem precedentes na época.


O filme foi uma resposta (não comprovada, mas óbvia) à reação gerada pelo seu épico anterior, "O Nascimento de uma Nação", e desta forma, ele quis mostrar o problema da intolerância de diversos pontos de vista.  Ele foi exibido na URSS, em 1920, "Intolerância" exerceu ali grande influência sobre os jovens cineastas soviéticos Eisenstein, Vertov, Pudovikin, Kulechov, sobretudo por suas primeiras sequências, que mostram uma greve e sua selvagem repressão.

A Muralha da Babilônia foi construída em tamanho equivalente à original apenas para o filme, e ficou durante muito tempo na esquina da Sunset Boulevard com a Hollywood Boulevard, na Califórnia. Ela se tornou um notável ponto de referência durante os anos de ouro de Hollywood. A réplica foi o primeiro cenário ao ar livre já feito em Hollywood. Apenas depois de muitos anos, quando já estava desgastada, foi colocada abaixo. Muitos anos depois foi construída uma réplica da réplica que ficou no complexo de montanhas de Hollywood, e foi inaugurada em 2001.


As cenas de casamento na parte da vida de Cristo foram gravadas conforme a tradição judaica, sob a supervisão do rabino Myers. Ele era o pai de Carmel Myers, que interpretou uma escrava nas cenas da Babilônia.

As cenas de batalha, com milhares de figurantes, e os cenários monumentais (principalmente nas partes que narram a queda de Babilônia), impressionam, mesmo se comparadas com superproduções atuais. Pessoalmente, eu acredito que "Intolerância" está certamente entre as maiores produções do tempo do cinema mudo, juntamente com "O Rei dos Reis" (1927) e "Ben-Hur" (1925). Durante as suas filmagens, muitos figurantes entraram tão a fundo nos personagens que eles machucaram uns aos outros. Ao final de um dia, um total de 60 feridos foram tratados no hospital improvisado da produção.


D.W. Griffith foi forçado a refilmar a sequência da crucificação porque algumas organizações disseram que Griffith tinha filmado muitos figurantes judeus em volta da cruz, e poucos romanos. Griffith então atendeu à reclamação e colocou mais romanos na filmagem.

Além da importância técnica, na montagem ou nos planos de câmeras, Griffith mostrou que o cinema poderia se tornar uma grande indústria de entretenimento, que serviria para levar ao público não só diversão, mas as bases de um discurso de ideologia nacional.


O filme não foi apenas uma aula de cinema. Mas foi, acima de tudo, uma aula para o cinema, que havia nascido apenas duas décadas antes...


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