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10 PRODUÇÕES "DOS SONHOS" LANÇADAS EM HOME VIDEO NO BRASIL


Ao longo de 2016, fui fazendo pesquisas aqui e ali, com cinéfilos, escritores, professores de cinema, atores, diretores e críticos sobre quais seriam os 10 filmes mais desejados no mercado de home vídeo, inéditos no Brasil desde a era do Vhs. 

Cheguei nos 10 títulos. Curiosamente, 5 foram lançados neste ano. Além disto, os 10 foram lançados por 3 distribuidoras, sendo que 4 pela Versátil Home Vídeo e 4 pela Obras primas do cinema, demonstrando que estas duas tem um respeito maior com os desejos dos cinéfilos e colecionadores. Posso dizer, com alegria no coração, que tenho as duas empresas como parceiras ( com respeito total às outras que também são), mas a Versátil sempre esteve à frente de seu tempo, e a Obras Primas do cinema veio com força em 2016, lançando inclusive 3 dos filmes mais desejados de todos os tempos em home vídeo, sendo "Portal do Paraíso" talvez, o mais esperado da história. Li diversos depoimentos, de figuras famosas inclusive, que haviam aposentando de comprar filmes, que iriam desembolsar 50 doletas para adquirir o filme mito.

A lista é bem eclética, e poderia ser muito maior, por conta da Versátil, que lançou quase toda filmografia de Mario Bava. Os filmes abaixo não são escolhas pessoais. São o reflexo de opiniões e pedidos que eu mesmo escutava há muitos anos. Décadas eu diria.

Há outros filmes raros que saíram? Sem dúvidas, mas os 10 abaixo é são desejos pessoais de muitos colecionadores. E lembrando, são filmes inéditos que saíram em dvd.

Boa leitura e vida longa e próspera para a Obras Primas do cinema e para Versátil Home Vídeo.


A obras primas do cinema lançou em outubro um dos filmes mais sonhados por colecionadores e curiosos do cinema: O Portal do Paraíso - versão integral. Nunca lançada no Brasil, nem mesmo em VHS, os pobres mortais como eu, ratos de locadoras, só puderam assistir, na época pré-downloads, a versão picotada de 2 horas. E este corte "matou o filme" literalmente. Ficou ruim, incompreensível, sem ritmo. Lembro bem de uma sequência de eventos que simplesmente não continua. E esta versão integral lançada agora é um primor. Há exemplos como Apocalipse now, que há a versão normal e estendida, e ambas são compreensíveis. No caso do "Portal do paraíso" foi diferente: cortaram o filme arbitrariamente. Resultado?  Arrecadaram US$ 1 milhão nas bilheterias Para a realização do filme, gastaram cerca de US$ 40 milhões (no valor atual US$ 200 milhões), dando prejuízo de quase 98%, um dos piores resultados de bilheteria da história cinematográfica.

United Arts

Mas não há como falar do filme sem mencionar a United Arts, criada pelo quarteto fantástico:  Charlie Chaplin, Mary Pickford, Douglas Fairbanks e o diretor D.W. Griffith .

A Empresa foi a primeira a ser cuidada por artistas e não por profissionais do ramo de negócios. A principal meta dos sócios era controle total dos seus trabalhos, tendo assim liberdade artística para realizar o que quiserem. Por razões obvias, a UA conquistou rapidamente prestígio.

Samuel Goldwyn e Alexander Korda retiraram-se dela no começo dos anos 1940 (eles eram detentores de importantes fatias em ações da United Artists) quando a companhia começou a lutar para se manter financeiramente, principalmente por não possuir um estúdio próprio de filmagem. Contudo, a partir dos anos 1950 e 1960, rodar cenas externas aos sets de filmagem tornou-se comum, e não ter um estúdio de filmagens passou a ser uma vantagem cada vez maior.  Nos anos 50, os sócios originais já tinham vendidos sua parte na empresa. No entanto ela continuou firme na produção com filmes de sucesso de crítica e público (a série de filmes 007 foi um exemplo).


Com o fracasso estrondoso de Portal do Paraíso (1980), a MGM adquiriu a companhia, fundindo-se a ela em 1983 para se tornar MGM/UA Entertainment. Mas foi em 1992 que houve a morte da marca, quando o banco francês Credit Lyonnais adquiriu a empresa cinematográfica e mudou seu nome de volta para Metro-Goldwyn-Mayer Inc.

Na primeira foto vemos, da esquerda para a direita, D.W. Griffith, Mary Pickford, Charlie Chaplin e Douglas Fairbanks, e em segunda linha os advogados Albert Banzhaf e Dennis F. O’Brien, no momento da assinatura do contrato para a criação da United Artists.

Cimino

Não há uma hora mais oportuna para revisitar a curta e marcante filmografia de Michael Cimino. O diretor faleceu aos 77 anos em 2 de julho deste ano. Sua partida repentina provocou uma onda de revisões aos seus filmes, principalmente a "Franco atirador" sua obra prima mais premiada. 

O diretor teve uma ascensão rápida, começando por um filme com Clint Eastwood (o último golpe) e logo a seguir, venceu o Oscar com Franco atirador (filme e diretor) sendo que o filme ganhou 5 no total.  E no mesmo ano, venceu Globo de Ouro, Bafta e Directors Guild.  Detalhe, ele poderia ter saído com 3 Óscares se vencesse o de roteiro. E era apenas seu segundo filme. Apó o sucesso obtido com “O Franco Atirador”, Michael Cimino era visto como a nova sensação de Hollywood e a United Artists lhe deu completa liberdade artística para filmar um roteiro de sua autoria.

E foi ai que seu caminho se une com a United Artists em seu terceiro filme: Portal do Paraíso.  Já com o status de "gênio", meteu os pés pelas mãos com o filme. Sua mania de perfeição levou a sua equipe a criar cenários gigantescos, além do fato de que ele demitia e contratava cenógrafos e atores (Williem Dafoe foi um deles, que aparece somente na versão integral), fatos que estouraram o orçamento e estenderam as filmagens em quase 12 meses. Algumas situações também contribuíram para denegrir a imagem do filme, como mortes de animais e limitado acesso de produtores e jornalistas ao que estava sendo realizado. Muitas das críticas que foram feitas ao filme se deram por conta da liberdade que ele toma em relação à verdadeira história em que ele se baseou.


Seu perfeccionismo Kubrickiano causou estragos. Tom Cruise repetiu 80 vezes uma cena até que ficasse da forma que Stanley Kubrick queria em "De olhos bem fechados (1999)". Kris Kristofferson acordando de uma bebedeira repetiu 52 vezes (detalhe: na tela dura 5 segundos).

Estes fatos aliados ao retumbante fracasso do filme, levaram ao fim de sua carreira (fez apenas mais 4 filmes) e o fim da já citada acima United Artists.

Morreu uma carreira, um estúdio, mas nasceu uma lenda: Heaven's Gate

O portal


Que estrago. Mas valeu a pena. A versão integral, sem dúvidas é um dos maiores filmes já feitos.  Ele conta com atores como Mickey Rourke, Jeff Bridges, John Hurt, Isabelle Huppert, Sam Waterston, Geoffrey Lewis, Brad Dourif, Joseph Cotten, Christopher Walken, Terry O'Quinn, Willem Dafoe).

Uma das grandes sacadas do filme é ele ser um produto reflexivo, ainda que a ação apareça aqui e ali em sua longa duração. A sensacional fotografia fica a cargo de Vilmos Zsigmond, que também faleceu em 2016, em janeiro. Vilmos trabalhou em filmes como Onde os Homens São Homens (1971), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), O Franco Atirador (1978), Dália Negra  (2006), entre muitos outros, sendo que concorreu a 4 Oscars, vencendo um por Contatos Imediatos. 

O Festival de Cannes o saudou, apesar de ter dado o prêmio para “Homem de Ferro”, do polonês Andrzej Wajda. A crítica americana massacrou, colocando o filme para concorrer o Framboesa de Ouro, "vencendo" justamente o Pior Diretor. É o céu e inferno de Cimino.

A história escrita por Michael Cimino retrata o incidente ocorrido no Wyoming em abril de 1892 e que ficou conhecido como “The Johnson County War”.  A produção faz uma referência ao massacre de My Lai ocorrido em 1968 no Vietnã, estendendo assim a ferida retratada em "O Franco atirador".

A ação se passa durante três dias com a chegada do delegado federal James Averill (Kris Kristofferson) ao condado de Johnson. Lá a associação dos pecuaristas planeja se defender contra imigrantes que estariam roubando cabeças de gado de seus rebanhos  com a autorização do governo federal. Averill se posiciona contra a associação dos criadores que então contrata 50 mercenários para assassinar 125 imigrantes cujos nomes fazem parte de uma lista que chega às mãos de Averill. O líder dos grandes proprietários de terra é Frank Canton (Sam Waterston) que tem ajuda do seu  matador, Nathan D. Champion (Christopher Walken). 

Um triangulo amoroso se forma com Averill e Champion gostando da mesma mulher, Ella (Isabelle Huppert) a dona do prostíbulo local. Ella aceita dinheiro ou gado roubado como forma de pagamento e por isso é incluída na lista entre os 125 nomes marcados para morrer. Os imigrantes se unem e se armam e para enfrentar os homens de Canton numa batalha violenta da qual Averill também participa ao lado dos perseguidos imigrantes.

O filme foi recentemente aclamado como Obra Prima recentemente por grandes críticos e diretores, inclusive Cimino foi reconhecido com autor máximo desta grande obra. Imperdível, Obrigatório, Obra Prima do Cinema.


Ouro e Maldição é considerado por muitos como a maior obra-prima do diretor austríaco Erich von Stroheim e um dos maiores filmes do Cinema. Concebido inicialmente como um projeto monumental e hiper-realista de mais de 9 horas de duração, o filme foi exibido em sua forma original apenas uma única vez, no dia 12 de Janeiro de 1924, para um pequeno grupo de pessoas. Após isto, os originais do longa foram sucessiva e severamente mutilados, sob ordens da MGM e contra a vontade do diretor, e o material descartado foi posteriormente incinerado. Da versão original, de 42 bobinas e vários milhares de metros de celuloide, restou uma versão de apenas duas bobinas e pouco mais de duas horas de duração, que foi posteriormente levada aos cinemas. Desolado com o que foi feito com o seu trabalho, Erich Stroheim jamais assistiu esta versão.

Em 1999 foi feita uma restauração do filme, resultado direto do trabalho do pesquisador e restaurador Rick Schmidlin, num trabalho de mais de nove meses e que teve como base as anotações de Stroheim e stills resgatadas do filme. A partir da inserção destas stills e de intertítulos para as cenas, foi possível a reconstrução de algumas tramas paralelas e a apresentação de uma nova versão, com quatro horas de duração e mais condizente com as intenções originais do diretor.


A fim de dar uma maior idéia do ocorrido com Greed, quando por ocasião de sua primeira exibição e o que aconteceu depois, transcrevo a seguir um breve texto informativo exibido no início do filme: "No dia 12 de Janeiro de 1924 um pequeno grupo de expectadores compareceu à exibição de nove horas e meia do épico "Ouro e Maldição", de Erich von Stroheim, atendendo a um pedido do diretor. Quando o filme estreou em Nova York, no dia 4 de Dezembro de 1924, ele teve a sua duração reduzida a pouco mais de duas horas, por ordem dos chefes do estúdio. O que foi perdido do filme é considerado como a maior tragédia da história do Cinema. O material perdido tem sido chamado de 'O Santo Graal' do Cinema. O que nós tentamos fazer foi uma reconstrução da narrativa perdida que Erich von Stroheim originalmente pretendeu contar".

Por mais de uma vez o próprio Stroheim afirmou que a mutilação/destruição de seu trabalho foi o maior desgosto que ele teve em sua carreira. No seu livro de memórias, ele mesmo afirmou que ainda que "eu pudesse falar para vocês por três semanas sem parar, ainda assim eu só poderia descrever uma pequena parte da dor que eu sofri pela mutilação deste meu trabalho tão sincero".

Ouro e Maldição é a adaptação do romance "McTeague", de Frank Norris, escritor norte-americano ligado ao estilo de Émile Zola. Uma das características mais fortes do romance, transpostas fielmente para o filme, é a recorrência de alguns traços do Naturalismo, como a inalienável força da hereditariedade, o poder teriomórfico dos instintos (principalmente no que se refere aos impulsos do sexo e da violência), as precárias condições de vida das classes mais baixas – reveladas no modo da denúncia de um ultra-realismo. Fiel ao ultra-realismo preconizado no livro, Stroheim exigiu que as filmagens fossem feitas nas próprias locações mencionadas no romance e, na busca por uma adaptação o mais fiel possível, descartou o uso de um roteiro adaptado e procurou filmar todo o livro, página a página, ponto a ponto.

Ouro e Maldição consta na lista de melhores filmes de diversos diretores, críticos e amantes do Cinema, como Andre Bazin, Claude Beylie, Claude-Jean Philippe (Cahiers du Cinéma), Orson Welles, Luchino Visconti, Rogerio Sganzerla, Walter Lima Junior, Aki Kaurismäki, dentre outros mais.


Além de ter participado, no papel de vilões, de alguns filmes de D.W. Griffith, Erich von Stroheim foi também assistente do diretor em O Nascimento de uma Nação e Intolerância, fato que provavelmente o influenciou no emprego de alguns recursos narrativos em Ouro e Maldição, como a montagem apurada em algumas sequências e a sobreposição de imagens. 

Ao longo do filme, Stroheim lança mão de alguns recursos narrativos interessantes, como a utilização de um casal de canários amarelos como uma metáfora do clima da casa em algumas tomadas. Uma demonstração disto pode ser visto, por exemplo, quando McTeague e Trina estão a sós na noite de núpcias e os pássaros dão a impressão de se beijar; já quando McTeague e Trina estão discutindo, os pássaros parecem brigar. Já em um outro momento o diretor usa a imagem de uma gato como um índice de perigo, como na sequência em que ele apresenta e fixa a imagem do gato de olho na gaiola com o casal de canários pertencente a McTeague como metáfora visual para o invejoso Marcus, "de olho" na felicidade do casal McTeague e Trina.


Para termos uma ideia da obsessão de Stroheim pelo máximo de realismo, contrariando a vontade dos produtores da MGM, que queriam que o final do filme fosse rodado em estúdio, ele decidiu fazer a sua maneira: levou toda a equipe para o deserto, no Death Valley (fronteira entre o Estado da Califórnia e Nevada), numa região inóspita e sob um calor de mais de 40° (na época isto é um forno), onde os equipamentos tinham que ser resfriados a todo instante com toalhas geladas. Como consequência do rigor e perfeccionismo exigidos pelo diretor, e também devido ao forte calor e à desidratação (a água de toda a equipe teve que ser racionada), o ator Jean Hersholt chegou a passar mal, tendo que ser hospitalizado durante as filmagens.

Dentre os muitos relatos que chamam atenção com respeito ao filme, um que perdurou até os nossos dias diz respeito às filmagens das cenas finais. Consta que, numa das sequências de luta entre os dois atores principais, Stroheim já bastante irritado com os atores e estes com o diretor, mandou voltar e refilmar reiteradas vezes a mesma cena, sob alegação de não tê-la achado suficientemente boa. De acordo com o relato, consta que o diretor ficava sentado numa cadeira, assistindo tudo, e incitando os atores, dizendo: "Lutem um contra o outro como se estivessem lutando comigo mesmo!". 


"Minha vida acabou.
Acabou! Para mim, chega.
Que cidade é essa?
Que cidade enorme é essa?
E que tipo de vida eu levei nela?”

Palavras de Franz no início do epílogo de Berlin Alexanderplaz

São os anos da República de Weimar, anos de depressão econômica que conduziram à ascensão do nazismo. No centro desta narrativa está a personagem de Franz Biberkopf, um inocente que acredita na bondade humana, logo um inocente explorável (e que acaba por integrar dentro de si a lógica da opressão). Depois de passar quatro anos na prisão por ter matado a mulher a pancadas, Franz é liberto. Determinado a levar uma vida decente, volta para Berlim. Entretanto, as coisas não acontecem da maneira que imaginara...

Um verdadeiro monumento da arte cinematográfica do século XX, Berlin Alexanderplatz é a obra máxima de Fassbinder e uma fascinante reflexão sobre a Alemanha no período entre-guerras. O filme da vida de muitos cinéfilos.


Berlin Alexanderplatz é o romance de Alfred Döblin, e o livro que modificou profundamente a vida de Rainer Werner Fassbinder. Situado no período de entre-guerras da Alemanha, o romance relata o ambiente de dilapidação existencial através do caminho de Franz Biberkopf, um jovem ingênuo e de bom coração que promete nada fazer de errado em toda sua vida depois de cumprir alguns anos de cadeia pelo assassinato de sua mulher num ataque de cólera. Essa figura simplória, de bom coração, com ataques mometâneos de fúria, mutilada, incapaz de produzir alguma subjetividade tanto pelo ambiente que o circunda quanto por seu braço que falta, é o mote geral da obra de Fassbinder.

A produção levou aproximadamente um ano.  Fassbinder sonhava em realizar um trabalho paralelo especialmente para distribuição teatral após a finalização deste trabalho. A lista do elenco que ele fez incluía Gerard Depardieu como Franz Biberkopf e Isabelle Adjani como Mieze.  Nos Estados Unidos, foi primeiramente exibido na televisão aberta. Então, os teatros encenariam dois ou três episódios por noite como sendo "capítulos teatrais". O filme causou um impacto em vários artistas e críticos bem conhecidos. Susan Sontang escreveu uma avaliação na edição de setembro de 1983 da revista Vanity Fair. Também na década de 80, a artista performática e compositora Laurie Anderson escreveu um a música chamada "White Lily" ("What Fassbinder film is it? The one-armed man walks into a flower shop...") no álbum do seu show, Home of the Brave. O diretor John Waters, escrevendo sobre o companheiro e diretor Russ Meyer, opinou que a auto-briografia e magnus opus projetada de Meyer deveria se chamar Berlin Alexandertitz. A atriz e artista performática Ann Magnuson relata, na música "Folk Song" do álbum The Power of Pussy, da banda Bongwater, ter "estado deprimida" pelo filme enquanto o assistia no PBS durante uma má experiência com drogas. 

Na década de 90, o diretor Todd Haynes se apropriou das imagens do notório epílogo fantasmagórico do filme para a seqüência de seu Velvet Goldmine.  Em 2005, o Goethe-Institut, tendo completado a reconstituição e restauração de Bronenosets Potyomkin, de Sergei Eisenstein, decidiu restaurar Berlin Alexanderplatz, dizendo que o negativo do filme original estava em "condições físicas catastróficas" e que "deveria ser restaurado". A restauração se completou no primeiro trimestre de 2007, exatamente 25 anos depois da morte de Fassbinder. A série foi exibida como um prelúdio a uma retrospectiva do trabalho de Fassbinder no Festival de Berlim. O re-relançamento foi acompanhado por um livro que incluía o roteiro original da obra, assim como esboços originais, seleções do romance de Döblin e revisões selecionadas da série.


Em "Decálogo", diretor polonês Krzysztof Kieslowski aborda questionamentos éticos a partir de cenas do cotidiano, embasadas nos mandamentos bíblicos

É difícil qualificar o que o diretor polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996) conseguiu realizar em sua obra "Decálogo" (1988), um projeto de dez médias-metragens. Seria um filme dividido em dez partes ou uma série para a televisão? Uma obra laica, já que nunca se refere a Deus, ou que possui uma teologia profunda, cujo título apenas faz referência? Seria uma obra que faz refletir sobre graves questões éticas que embasam o agir humano, ou, pelo contrário, apresenta a complexidade da vida humana, mostrando que qualquer lei moral ou valor ético são de um simplismo quase infantil?

O próprio Kieslowski nos ajuda a desfazer um pouco o mistério de sua obra. "Durante 6.000 anos, essas regras [os Mandamentos] estiveram inquestionavelmente certas. E, mesmo assim, nós as desobedecemos todos os dias. As pessoas sentem que algo está errado na vida. Há uma espécie de atmosfera que faz com que as pessoas, agora, se voltem para outros valores. Elas querem contemplar as questões básicas da vida, e provavelmente é essa a real razão para querer contar essas histórias [em 'Decálogo']".

Em "Decálogo", as dez histórias, independentes, possuem uma unidade temática e narrativa rara. Kieslowski manteve a mesma equipe técnica durante a realização de todos os episódios, com exceção do diretor de fotografia, que mudava em cada filme. A série completa, originalmente, foi produzida para a TV polonesa, coescrita por Krzysztof Piesiewicz, com trilha sonora de Zbigniew Preisner.



As dez histórias se passam em um conjunto residencial da Varsóvia, na Polônia contemporânea, onde pessoas comuns enfrentam problemas cotidianos, mas que apresentam profundas questões existenciais sobre amor, culpa, solidão, amizade, tristeza, medo, colocando em xeque o sentido da condição humana.

A obra, muito aclamada pela grande maioria dos críticos, é hoje considerada a obra-prima de Kieslowski, um dos diretores europeus mais influentes da história do cinema. É autor de outros clássicos como "A dupla vida de Veronique" (1990) e a "Trilogia das Cores" ("A liberdade é azul", 1993, "A igualdade é branca" e "A fraternidade é vermelha", ambos de 1994) e também lançados pela Versátil por sinal. Com "Decálogo", Kieslowski ganhou nove prêmios internacionais, incluindo o prêmio da crítica da 13ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, de 1988, e o prêmio FIPRESCI do Festival de Cinema de Veneza do mesmo ano.

O projeto inicial da obra envolvia a produção de um pequeno filme sobre cada um dos Dez Mandamentos, a ser exibido na TV local. Mas Kieslowski preferiu uma reflexão mais ampla, a partir da decadência dos valores em uma Polônia em transformação durante o século XX, marcada pelo nazismo e pelo ateísmo. Ao iniciar os trabalhos, porém, preferiu retirar todas as referências históricas e geográficas locais e deu dimensões mais universais à obra.

Assim, mesmo que a história se passe em um apartamento frio e monótono de um país do Leste Europeu, na verdade, dentro daquelas paredes, desenvolve-se um drama universal: um pai e professor universitário, dividido entre a crença científica e a fé religiosa; uma mulher que engravida de seu amante e resolve abortar; outra mulher que, para procurar seu marido desaparecido, pede ajuda a um antigo amante; uma jovem de 20 anos que descobre, por meio de cartas escritas pela mãe, que o homem viúvo com quem vive não é seu verdadeiro pai; três personagens (um desempregado, um taxista e um advogado novato) reunidos por causa de um crime; um jovem que declara seu amor a uma vizinha; uma garota que entrega sua filha para a avó criar; o encontro entre uma pesquisadora judia com sua ex-professora universitária que, há 45 anos, negara-lhe ajuda durante a Segunda Guerra Mundial; uma mulher que se envolve com um jovem amante após descobrir a impotência sexual de seu marido; uma família em busca de segurança após a morte de seu patriarca, um filatelista, que deixou uma grande fortuna.


Histórias singelas e comuns, mas que questionam profundamente, em cada decisão, em cada circunstância, as "certezas" da vida. Nem tudo é preto ou branco: é em uma zona incerta que a desobediência dos personagens a um dos mandamentos bíblicos se coloca. Decisões certas ou erradas? O espectador não é convidado a dar seu veredito final: espera-se que ele reflita eticamente: o que eu faria em seu lugar?

Os episódios 5 e 6 deram origem aos longas Não Matarás e Não Amarás


A obras primas do cinema fez uma espécie de ano inigualável, lançando Portal do Paraíso, Guerra e Paz e a trilogia Guerra e Humanidade. Três dos lançamentos mais importantes da história. Sem desmerecer outros grandes filmes inéditos que a empresa lançou, ou que as demais disponibilizaram para home video. Foi um ano incrível para as duas distribuidoras que mais lançaram filmes interessantes em 2016. A própria Classic Line deu um upgrade em suas cópias, além de sempre disponibilizar a dublagem clássica, o que para muitos é um extra fundamental. Mas a empresa em 2016 relançou muita coisa (o que é bom, pois os colecionadores põem suas coleções em dia), além de séries clássicas como Batman e Zorro, com boxes lindos e repaginados.

Mas voltando à trilogia, o primeiro filme chamado "Não há amor maior", conta a história de Kaji, um administrador civil pacifista, foi nomeado supervisor de um campo de prisioneiros na Manchúria durante a 2ª Grande Guerra. Seus problemas começam quando o tratamento humanitário com os trabalhadores das minas e os prisioneiros de guerra que Kaji supervisiona irrita seus superiores. A história do segundo filme, intitulado "Estrada para e eternidade", continua com Kaji e as mais selvagens atrocidades ocorrendo durante a Segunda Guerra Mundial. Ao descobrir que os soldados são cruelmente maltratados pelo seu sargento e oficiais, Kaji resolve fazer um protesto.


O que nos levará à terceira e última parte, chamada "Prece para um soldado", onde Kaji é o único sobrevivente de sua unidade e acaba se rendendo ao exército Soviético. Ele é preso na Sibéria, onde espera melhor tratamento do que recebeu de seu próprio exército, mas, ao contrário, é acusado de assassinato e ameaçado de execução. Kaji tenta, desesperadamente, recuperar sua liberdade.

Cada parte tem em torno de 200 minutos, e é um monumental filme de Masaki Kobayashi, com toques autobiográficos (o diretor mesmo dizia-se um pacifista e fora convocado pelo o Exército Imperial Japonês durante a Segunda Guerra Mundial, mas recusou-se a lutar e a ser promovido para um posto superior.)


Outro filme monumental é Guerra e Paz, de Sergey Bondarchuk, com mais de 7 horas de duração. Baseado na obra de literatura clássica de Leo Tolstoy, este clássico do cinema atinge um nível de qualidade sem precedentes através das suas cenas de guerra, em que é inteiramente recriado um exército regular com mais de 120.000 soldados e 35.000 peças de guarda roupa, proporcionando-nos imagens de um realismo emocionante da Batalha de Borodino e do incêndio de Moscou de 1812, que quase destruíram a nação Russa. Guerra e Paz relata o eterno romance entre Natasha Rostova e o Príncipe Andrei Bolkonsky, cujas vidas espelham as convulsões sociais que o seu país vivia na época. Com uma fotografia espetacular e imagens surpreendentes, este filme rivaliza com "Lawrence das Arábia" e com "O Vento Levou", como espetáculo de primeira qualidade. Foi premiado com o Oscar para melhor filme de Língua Estrangeira em 1968.


O filme foi produzido pela Mosfilm entre 1961 e 1967 com um grande apoio das autoridades soviéticas. Com um custo de 8. 291 712 rublos soviéticos – 9 .213 013 dólares em valores de 1967, ou aproximadamente 87 milhões em valores atuais – Voyna i Mir foi o filme mais caro já produzido na União Soviética. Ao ser lançado, ele foi um enorme sucesso de público, atraindo mais de 135 milhões de espectadores. Voyna i Mir venceu o Grand Prix do Festival de Moscou, o Golden Globe Award de Melhor Filme Estrangeiro e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
  

De uma forma quase irresponsável, eu diria que este é o pior da lista. Mas um dos mais desejados, em função das cópias picotadas que nós tivemos acesso, tirando total prazer na produção.

A Hora do Vampiro foi o segundo romance lançado pelo escritor norte-americano Stephen King. Originalmente publicado em 1975, foi inspirado em Drácula de Bram Stoker. Em 1979, pelas mãos de Tobe Hooper tornou-se série e mais tarde foi compactada em um filme: "Os Vampiros de Salem" (Salem's Lot). Daí a semelhança do vampiro com o filme dirigido pelo Murnau em 1922 e curiosamente mais semelhante ainda com o vampiro de Nosferatu, de Herzog, realizado no mesmo ano. 

Na trama , que se passa na cidade de Jerusalém's Lot, na Nova Inglaterra, dois forasteiros - o escritor Ben Mears e o senhor Barlow - chegam e fatos inexplicáveis passam a perturbar a rotina da cidade. Ben, e seus novos partidários, entre eles o garoto Mark Petrie e o Padre Callahan, devem então agir para salvar a cidade de garras vampirescas.


A produção tem uma maquiagem bizarra, já que os vampiros possuem olhos que brilham no escuro como o de felinos e pele deformada - o que dá uma sinistra e aparência de roedores -, e a cenografia da casa em que vive a criatura que é fantástica. A versão Nosferatu de King, é monstruosa e bem feita, de pele cadavérica, além do que King respeita certos conceitos conhecidos na mitologia vampírica, como o fato de que as criaturas só invadem uma casa quando são convidadas a entrar, morrem quando recebem estacadas no coração e sofrem ao terem contato com símbolos religiosos como as cruzes.

O filme tem seus momentos bizarros e pobres, como a criança, a primeira vítima do vampiro malandro, que chega voando para atormentar a vizinhança e parece rir da situação - e involuntariamente causa risos no espectador. É o desaparecimento dessa criança, aliás, que impulsiona a trama policial, já que a polícia acredita que houve um sequestro. O espectador tem que se distrair com coisas mais superficiais, como a trama da secretária que trai o marido com o agente imobiliário da cidade ou a do relacionamento ordinário entre o escritor e seu interesse amoroso. O trabalho de Hooper envelheceu bastante. Mas isto não diminuiu o interesse na produção, que desde muito tempo escuto frases tipo: como será a minissérie completa? Será que é melhor que o filme?

A resposta? Sim...é melhor, mais completa e certamente mais interessante.


Primeiramente, assisti ao filme num longínquo Eurochannel. Não lembro mais se era na TVA ou DirectTv, ou mesmo na Sky. Foi uma maratona incrível. Porém, nunca mais se teve notícias desta grande obra de Rivette (na minha opinião, sua obra prima).

O filme é sobre o pintor, Edouard Frenhofer (Michel Piccoli), um artista sexagenário, vive uma aposentadoria voluntária. No estúdio há uma pintura inacabada na qual Marianne (Jane Birkin), sua esposa, foi o modelo, encostada na parede como uma censura da paixão que morreu entre eles. O casamento não foi rompido, mas é uma relação de compreensão e não de desejo. Um dia um fotógrafo leva Liz (Emmanuele Béart), sua namorada, para conhecer Edouard e Marianne. Algo acontece, pois o artista decide retomar o trabalhado terminando uma pintura que está parada há 10 anos.


A obra inacabada é "A Bela Intrigante", que foi inspirado em Catherine Lescault, uma cortesã do século XVII. Ele decide usar como modelo Liz, que acaba de conhecer, mas faz o convite através do namorado dela, que concorda sem consultá-la. Quando ela fica sabendo fica irritada, pois teve a sensação que venderam seu corpo. Além disto teria de posar nua, assim fala ao seu namorado que não irá. Entretanto no dia seguinte Liz vai até a casa do pintor e os dois começam a trabalhar. Tentando fazer um bela obra, ele coloca Liz em posições bastantes incômodas, um tratamento quase sádico em um processo criativo que parece interminável, fazendo Liz detestá-lo. Paralelamente o namorado da jovem passa a se sentir inseguro nesta situação e mesmo Marianne, que sabe que ele é um cavalheiro, não se sente totalmente à vontade nesta situação.

Grande parte do filme resume-se à tentativa de Frenhofer em fazer de Marianne a sua nova Belle Noiseuse (a bela intrigante).Se ele é sádico em seus objetivos, ela por sua vez eleva o trabalho ao sacrifício, esgotando o relacionamento em nome da arte.

A versão lançada é a integral, de 4 horas de duração. Inétida e imperdível.                      
Nesta lista de 10 filmes, dois foram lançados pelo IMS. E os dois são documentários grandiosos, tanto em duração, como o que é mostrado nas telas. Duas grandes feridas são abertas por eles, sem muitas chances de serem fechadas. O primeiro, Shoah.


Lanzmann levou mais de dez anos entre sua preparação e o lançamento. A decisão de fazer este filme implicou uma mudança de vida, tendo como uma das consequências o abandono do jornalismo. Somente continuou na revista Temps Modernes, fundada por Sartre , e da qual se tornou diretor após a morte do filósofo.

Nos últimos 40 anos, dezenas de documentários procuraram mostrar os horrores do nazismo e, especialmente, do genocídio contra a raça judaica. Cineastas de diferentes nacionalidades, em diferentes ângulos e interpretações, utilizando material de várias procedências, mostraram em médias e longas metragens a irracional perseguição ao povo judeu, os campos de concentração numa denúncia sempre necessária de ser reavivada, especialmente porque o anti-semitismo ainda existe e forças neo-nazistas, em diferentes países, se (re)organizam e permanecem em constante ameaça.

Portanto um documentário como "Shoah", que o jornalista e cineasta francês Claude Lanzmann levou dez anos para realizar é mais do que um simples programa cinematográfico. Pela sua extensão - 9h30 - e seriedade, se constitui numa espécie de curso intensivo sobre a questão judaica, o nazismo, a brutalidade, examinando vários aspectos de um assunto que longe de estar superado - como muitos apregoam - mais do que nunca merece ser revisto. 


Durante o regime nazista, cerca de dois terços dos 9 milhões de judeus que residiam na Europa foram mortos. Pereceram de fome ou doença devido às condições degradantes dos campos de concentração ou de extermínio, suicidaram-se para escapar da morte em vida que ali levavam, ou então, por fim, eram submetidos à Solução Final: o extermínio nas câmaras de gás. Daqueles que se propuseram a retratar este período, nenhum cineasta foi capaz de prover um registro tão completo quanto o francês Claude Lanzmann. 

Este documentário abre espaço não apenas para depoimentos de sobreviventes, mas também dos que apoiaram e colaboraram para o funcionamento da máquina nazista, para os moradores das cidades do entorno dos Campos, para os próprios carrascos e, especialmente, para os Sonderkommando, judeus obrigados a lidar com os corpos nas câmaras de gás — anteriormente retratados apenas como mais um grupo de sobreviventes, ignorando a carga de culpa e violência a que foram submetidos.

Em algumas sequências, sobreviventes são levados às ruínas dos campos onde estiveram (Auschwitz, Treblinks, Sobibor) e narram in loco as suas vivências. Depois de tantas entrevistas, Lanzmann procurou montar 350 horas de filmagens - reduzindo para nove horas e meia.

O que nos leva ao último da lista, TRISTEZA E PIEDADE


O documentário foi financiado por um canal de televisão francês, onde o filme seria exibido quando finalizado. Quando o filme ficou pronto a TV se recusou a exibi-lo, mas a obra acabou encontrando visibilidade no circuito cinematográfico de arte. No Brasil, a exemplo do documentário anterior, foi também lançado pelo Instituto Moreira Sales.

Marcel Ophuls (filho do grande Max Ophuls) analisa tanto o processo da memória quanto os próprios acontecimentos da guerra. Ele inclusive declarou: “A ideia de que um filme demonstra algo resulta de um mal-entendido. Não quis demonstrar algo, quis apenas mostrar. Um filme não demonstra, simplesmente mostra. O cinema é um instrumento excepcional para descrever e interpretar a realidade tal como nós a percebemos, através de fatos e de gestos precisos.”


O diretor, nascido na Alemanha e naturalizado francês, Marcel Ophuls (Frankfurt, 1927 - e ainda vivo até o fechamento desta matéria, em 12/12/2016) iniciou a carreira como assistente de diretores como Anatole Litvak e seu pai, Max Ophüls (Lola Montés, 1955). Antes de "A tristeza e  a piedade", Marcel Ophuls realizou uma série de filmes para a TV alemã e uma série de longa-metragens de ficção e documentário dentre os quais "Hotel Terminus: The Life and Times of Klaus Barbie" (1988). Seus dois últimos filmes foram uma biografia de Max Ophuls, "Max par Marcel" (2009), e uma autobiografia, "Un voyageur" (2013).

O título do documentário vem de Marcel Verdier, membro da Resistência. Quando lhe perguntam sobre o heroísmo dos partisans, ele responde, simplesmente, que “os dois sentimentos mais frequentes da Resistência foram a tristeza e a piedade”. Ophuls remexe velhas feridas e mostra a falta de heroísmo de uma parcela muito grande de franceses, que se aliou aos ocupantes alemães.

Eis os 10 filmes mais raros e esperados no mercado de dvd. Mas vale citar filmes como Malcolm X por exemplo, recém lançado em DVD pela Versátil (em uma edição primorosa inclusive). O filme pode ser encontrado em blu ray facilmente no Mercado Livre; A trilogia Apu, lançada pela Obras Primas do Cinema, que já havia sido lançada numa cópia horrorosa numa Paragon da vida; Outro caso interessante é Cães raivosos, obra prima lançada pela Versátil, dirigida por Mario Bava, O filme se passa quase todo dentro de um carro, que é uma forma brilhante do diretor demonstrar total controle da produção, por trás dos descontrolados bandidos.O filme teve problemas sérios na época que foi lançado, pois o principal investidor morreu num acidente de carro, quebrando o produtor do filme. Com isto, esta obra prima de 1974 só foi lançada em 1998. O diretor faleceu em 1980 e  nunca chegou a ver o resultado final do filme.



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