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ENCARANDO "A SOMBRA E A ESCURIDÃO"


"- ENCAREI E NÃO TIVE MEDO"
                                                         por Leandro Coelho

Quando assisti ao filme A sombra e a escuridão, protagonizado por Val Kilmer e Michael Douglas, fiquei hipnotizado pela história, que posteriormente constatei ser verdadeira. No final da película, o africano que narra a história diz que as carcaças empalhadas dos leões estavam expostos no Field Museum, em Chicago, Ilinois, e,  rezava a lenda, se você tivesse coragem de olhar diretamente nos olhos das feras, sentiria medo! Foi o suficiente para que eu colocasse na cabeça que um dia iria até o indigitado museu para encarar a sombra e a escuridão. Isso foi em meados dos anos 90.

Passados quase 20 anos, tive a oportunidade de fazer uma viagem aos EUA. Um colega advogado me convidou para passar 13 dias em Nova York. Acabei topando, mas fiz planos secretos de dar uma “esticada” na viagem. O resultado? Percorri quase 15.000 quilômetros por mais de 23 estados. Tal maluquice foi motivada por várias fontes: livros, músicas, entre outras. Contudo, o cinema foi o motivo predominante. E como um bom cinéfilo, fiz um apanhado de filmes cujas locações sempre tive o sonho de visitar: ET, Os Goonies, Campo dos sonhos, O pagamento final, O iluminado, Dança com Lobos, Conta comigo, Os caçadores da arca perdida, Silverado, Easy Rider, Entrevista com o vampiro, Coração satânico, Rocky,  A dama de vermelho, entre outros. Creio que ir até os locais das gravações é uma forma de contato físico com o filme; um testemunho “tangível” das películas.


Peguei um mapa, uma régua e tracei o roteiro. Faria tudo por terra, pedindo carona, pegando ônibus, andando. O “encontro” com dois filmes chaves me aguardavam na cidade de Chicago, no estado de Ilinóis: Os intocáveis e A sombra e a escuridão. O filme que conta a história dos gangsters da década de 30 ganhou minha prioridade. Desde garoto, quando assisti no cinema com meu pai, sonhava em visitar as escadarias da Union Station, local da épica cena do tiroteio entre os capangas de Al Capone e Eliot Ness, no qual ele salva um bebê num carrinho descontado. Mas os leões eram a cereja do bolo. Depois de 10 dias na cidade, finalmente fui até o Field Museum. Quando lá cheguei, nas margens do lago Michigan, a visão do imponente e imenso prédio sinalizou que o dia seria longo. E foi. Por sorte ocorria a mostra da fantástica feira de ciências de 1893, onde o mundo ficou boquiaberto com os novos avanços do mundo “moderno”. Mais de (pasmem) 27 milhões de pessoas do mundo inteiro visitaram a feira durante 6 meses.

Não foi por menos: além do show de circo do lendário Búfalo Bill, uma cidade inteira fora construída, incluindo uma colossal roda gigante. Além da extraordinária exposição, fiquei boquiaberto com o acervo fixo do museu, que deixou o British Museum e os Museus de história natural de Londres e Nova York no chinelo. Depois de várias horas, estrategicamente passadas a fim de aumentar a expectativa, perguntei a um dos seguranças onde estavam os “leões de Tsavo”. Fui até a mostra africana. E lá estavam eles. Quase que escondidos, num pequeno espaço em maio a antílopes, búfalos elefantes e outros animais das savanas. Muitos passavam sem sequer notá-los. Não sabiam o que estavam perdendo. Ali estavam duas lendas. Dois animais que acabaram com a vida de mais de 130 homens, e que por pouco não pararam o avanço desenfreado do progresso humano. Ali estavam a sombra e a escuridão. Não fiquei decepcionado com o que vi, pois já havia visto muitas fotos deles, inclusive já havia feito uma visita virtual. O motivo da decepção seria a falta de suas juba. Se eram leões, como não teriam suas “cabeleiras”? A resposta é darwiniana: como a temperatura de Tsavo é altíssima, os leões da região não tinham juba! Pura seleção natural. As peles, garras e pelo ainda estão preservadíssimos. Seus crânios com longos caninos estão expostos no mesmo local. E seus olhos? Aqueles que “dariam medo se encarados?”.

Bem, esses eram de vidro, e estampam um olhar um tanto inofensivo. Mas, ainda assim, olhando para as feras de perto, e sabendo de suas histórias, é impossível não sentir um leve frio na barriga! Se não me falha a memória, Patterson vendeu as carcaças por 5 mil dólares na época, e hoje podemos ver de perto a prova viva de que a fúria da natureza, quando provocada, pode sobrepujar o maior de todos os predadores: o homem...

E você? Tem coragem de encarar a sombra e a escuridão?

Leandro Coelho (Cinéfilos malditos)


Abaixo mais fotos, tiradas por ele...
















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