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A ARTE DE MARIO BAVA - PELA VERSÁTIL

A meta de uma empresa é o lucro, claro. Mas a sensação que a Versátil nos passa é que, antes disto, seu objetivo é proporcionar prazer ao cinéfilos.

Prazer pelas obras lançadas, às vezes raras e inéditas, às vezes coleções de importantes diretores, que acabam fidelizando os compradores, ávidos a conhecer mais e mais de seus cineastas preferidos.

Mas o objetivo do cinéfilo e curador Fernando Brito é quebrar os cinéfilos de vez, lançando mês a mês caixas mais espetaculares, tornando difícil rejeitar qualquer uma delas.

Este mês, um das magnificas caixas é do mestre Mario Bava. A outra, uma sensacional caixa de filmes de faroeste de grandes diretores do cinema, que comento em outro post. ´

Cinéfilos atentos aos lançamentos poderão fazer um acervo gigantesco. Só os filmes de Bergman, Chaplin e Hitchcock já são uma boa leva de dvds.

Fiquem agora com alguns observações e curiosidades destes grandes filmes.



A ARTE DE MARIO BAVA


CÃES RAIVOSOS


(“Cani Arrabbiati”, 1974, 92 min.)

Com Riccardo Cucciolla, Don Backy, Lea Lander e Maurice Poli.

Após um assalto violento, um grupo de criminosos tenta fugir de carro, com vários reféns. Com trama em tempo real, esse tenso policial é uma verdadeira aula de direção e montagem de Bava. Uma experiência cinematográfica única.

O filme inicia com uma referência explícita ao giallo: uma mulher morta, vestida de amarelo (a bolsa inclusive), e um sangue destacado, saindo de seu corpo.

Mario Bava leva a montanha russa nas mãos, com uma trilha sonora fantástica, que nunca deixa você dispersar da história dos cães raivosos, que na verdade, passam o filme dentro do canil (o carro). Que é uma forma brilhante do diretor demonstrar total controle da produção, por trás dos descontrolados bandidos.

O elenco afiado, torna uma obra para ver  e rever.  O filme teve problemas sérios na época que foi lançado, pois o principal investidor morreu num acidente de carro, quebrando o produtor do filme. Com isto, esta obra prima de 1974 só foi lançada em 1998.

O filme, originalmente seria chamado 'Semaforo Rosso' (referindo-se ao sinal vermelho de trânsito).
Além desta edição chamada Cães raivosos (Canni Arrabbiati / Rabid Dogs), há outra versão, reeditada pelo filho de Mario,  Lamberto Bava, e com algumas cenas inseridas, que se chamou Kidnapped (Sequestrados), mas nada que modifique drasticamente o produto final. O card da Versátil lançado no box inclusive, é do cartaz da segunda opção.

Mario Bava, que faleceu em 1980, nunca chegou a ver o resultado final do filme. Mas ele que não se preocupe. É uma obra prima.


O ALERTA VERMELHO DA LOUCURA



(“Il Rosso Segno della Follia”/“Hatchet for the Honeymoon”, 1970, 88 min.)

Com Stephen Forsyth, Dagmar Lassander e Laura Betti.

Dono de uma loja de vestidos mata noivas para superar um trauma de infância. Criativa mistura de giallo e horror, este raro filme de Bava é um de seus trabalhos mais pessoais, com um apuro visual impressionante.

Assim como Hitchcock, Bava era um experimentador. Em Cães raivosos ele utiliza praticamente um cenário, uma trilha inquietante e um tipo de lente específica para filmar, que causa uma sensação estranha

Neste filme, que pode-se facilmente traçar um paralelo com o nacional "Noivas de Copacabana", ele usa ângulos estranhos, visões diferentes e observações de coisas cotidianas através de objetos.

Magnificamente filmado, mostrando a qualidade deste gênio a ser descoberto por gerações por vir.
Tim Lucas, autor da biografia crítica de Mario Bava: All the Colors of the Dark , chama o filme de "Mario Bava's most personal horror movie" , ou seja, seu filme mais pessoal. O filme foi inexplicavelmente considerado um filme menor de Bava.

Em alguns momentos parecemos estar na cabeça do assassino. O filme parece um longo sonho para ele...ou pesadelo, dependendo de como interpretar. A metalinguagem usada no filme é uma aula de cinema.

Uma má compreensão que o tempo cuidou de consertar. O filme influenciou grandes filmes de psicopatia atuais.


A GAROTA QUE SABIA DEMAIS / OLHOS DIABÓLICOS



(“La Ragazza che Sapeva Troppo”, 1965, 86 min.)

Com Letícia Román, John Saxon e Valentina Cortese.

A jovem norte-americana Nora Davis viaja para passar férias em Roma, onde testemunha um assassinato. Primeiro giallo (suspense policial italiano), esta obra-prima de Bava é uma brilhante homenagem ao cinema de Hitchcock.

A homenagem é tão bem feita, que ficamos esperando aparecer James Stewart em algum momento, neste filme que faz referência ao Homem que sabia demais.

Assim como nos filmes de Hitchcock, uma pessoa comum é jogada no meio de uma trama policial.

Brilhantemente dirigido, Bava reitera o estilo do mestre do suspense, com filmes variados, porém com temáticas similares, nos quias ele sempre experimenta elementos e estilos diferentes em suas produções.Uma simples conversa na praia é não é tão comum vista pelos olhos de Bava. Seus filmes parecem grandes sonhos. A edição favorece sempre esta ideia.

Olhos Diabólicos é seu último filme em preto e branco, que tem duas versões oficiais, a italiana que esta sendo lançada, e a americana que foi picotada pela distribuidora e teve a trilha sonora substituída.


MÁSCARA DO DEMÔNIO



(“La Maschera del Demonio”, 1960, 87 min.)

Com Barbara Steele, John Richardson, Andrea Checchi e Ivo Garrani.

Uma bruxa e seu servo retornam do além, espalhando terror e sangue. Obra-prima do horror gótico em inédita versão restaurada com áudio em italiano e comentários de Tim Lucas, o maior biógrafo de Bava, além de meia hora de extras.

Sem dúvidas, o filme que marcou Mario Bava. Com tantas obras antológicas posteriores, este é o que traz Bava para  público. O filme é conhecido também como 'Máscara de satã', ou mesmo 'Black sunday'. Foi seu quarto filme , mas é seu primeiro oficial.

Antes de escrever estes textos, assisti os 4 filmes na sequência que escrevi (na ordem inversa), e li algumas críticas em blogs importantes, e descordei veementemente da opinião deles que diz que os filmes tem falhas aqui e ali; que finais são aquém das expectativas; que os filmes têm momentos fracos; um absurdo. São obras enxutas, antológicas, que o público têm chance de redescobrir agora com o lançamento desta caixa.

Vale registrar sempre a cena  em que a máscara do demônio é cravada brutalmente no rosto da mulher, através da pancada de um pesado martelo. A armadura de aço com pregos pontiagudos é pressionada violentamente contra a face da bruxa. Como diria o Coronel Kurtz: - 'o horror, o horror!'




E todos os filmes restaurados e sempre pontuados por documentários interessantes sobre as produções. Se fosse nos anos 90, era o famoso bonequinho do Globo, correndo até a loja para comprar. 

Marcus V.R.Pacheco
Cinéfilo, colecionador e ocupado vendo filme


DADOS TÉCNICOS DOS DISCOS


A ARTE DE MARIO BAVA


Disco 1
A Maldição do Demônio
O Alerta Vermelho da Loucura

Disco 2
A Garota que Sabia Demais
Cães Raivosos

Extras:
Documentário “Mario Bava: Maestro do Macabro”
Comentário em áudio de Tim Lucas para “A Maldição do Demônio”
Introdução de Alan Jones para “A Maldição do Demônio”
Entrevista com a atriz Barbara Steele
Cena excluída de “A Maldição do Demônio”
Trailers e Spot de TV de “A Maldição do Demônio”
Especial sobre “A Garota que Sabia Demais”
Trailer de “O Alerta Vermelho da Loucura”



Todos em aspecto de tela widescreen anamórfico 1.85:1, com trilhas de áudio em italiano e inglês (ambas Dolby Digital 2.0) e legendas em português.



As edições serão lançadas em  6 de maio de 2015.



ABAIXO, O VÍDEO DE FERNANDO BRITO ENTREVISTANDO MARCELO MIRANDA, UM CINÉFILO E PESQUISADOR DA OBRA DE MARIO BAVA











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