RICHARD WIDMARK (26/12/1914 - 24/03/2008) BIOGRAFIA
Richard Widmark (Sunrise Township, 26 de Dezembro de 1914 – Roxburry, 24 de Março de 2008) foi um actor estadunidense .

Richard Widmark trazia a experiência como ator de teatro tendo atuado em cinco peças na Broadway, nenhuma delas de grande sucesso, mas que muito o ajudaram quando decidiu ir para Hollywood. Antes havia atuado por seis anos no rádio, emprego garantido por sua bonita e segura voz, ainda que Richard fosse surdo de um ouvido devido a ter sofrido uma perfuração do tímpano. Esse fato o impediu de se incorporar às forças armadas e lutar na II Guerra Mundial. Nascido em Sunrise, Minnesota, em 26 de dezembro de 1914, com ascendência sueca por parte de pai e escocesa por parte de mãe, Richard Weedt Widmark cresceu em Princeton, Illinois, para onde sua família se mudou. A intenção de Richard era se tornar advogado, mas cursando a faculdade Lake Forest ele se decidiu pela carreira de ator, rumando após a graduação para Nova York. Quando ainda atuava no rádio, em 1942, Richard Widmark se casou com a escritora Jean Hazlewood, casamento que duraria por 55 anos, até a morte de Jean em 1997. Richard Widmark costumava dizer que um ator deve falar tudo que tem a dizer durante seu trabalho, no palco ou diante das câmaras e depois calar-se. Fora de seu trabalho só se soube de alguma atividade de Widmark como defensor dos direitos humanos e da preservação de patrimônios históricos em geral, ele que sempre foi um liberal democrata.
Após sua marcante atuação em “O Beijo da Morte”, a 20th Century-Fox aproveitou o renome adquirido por Richard Widmark e o colocou, ainda como coadjuvante, nos filmes “A Rua Sem Nome” (The Street with no Name), “A Taverna do Caminho” (Road House) e “Céu Amarelo” (Yellow Sky), este último seu primeiro western. Os atores principais desses filmes eram, respectivamente, Mark Stevens, Cornel Wilde e Gregory Peck. A partir de “Capitães do Mar” (Down the Sea in Ships), de 1949, seu quinto filme, Richard Widmark passou para a condição de astro principal encabeçando os elencos de “Furacão da Vida” (Slattery’s Hurricane), “Sombras do Mal” (Night and the City), “Pânico nas Ruas” (Panic in the Streets), “O Ódio é Cego” (No Way Out), “Até o Último Homem” (Halls of Montezuma), “Homens Rãs” (The Frogmen), “Montanhas Ardentes” (Red Skies of Montana), “Almas Desesperadas” (Don’t Bother to Knock), “Companheiro Querido” (My Pal Gus), “Prisioneiro da Mongólia” (Destination Gobi), “Anjo do Mal” (Pickup on South Street), “Dá-me Tua Mão” (Take the High Ground) e “Tormenta Sob os Mares” (Hell and High Water), este último já em 1954.
Em “Jardim do Pecado” (Garden o Evil) o nome de Richard Widmark era o terceiro nos créditos, atrás de Gary Cooper e de Susan Hayward. Em “A Lança Partida” (Broken Lance), as coisas pioraram ainda mais pois à frente do nome de Widmark estavam os do consagrado Spencer Tracy e das novas apostas da Fox, Robert Wagner e Jean Peters. Contrato terminado, Richard Widmark traçou novos planos para sua carreira, um deles o de criar sua própria produtora. Vieram então, a partir de 1955, os filmes “Ouro Maldito” A Prize of Gold), “Paixões Sem Freio” (The Cobweb) e “Dois Destinos se Encontram” (Run for the Sun), nenhum deles exatamente memorável e nenhum com uma leading-lady destacada (eram elas Mai Zetterling, Lauren Bacall e Jane Greer, respectivamente). Convincente em filmes policiais, tanto ao lado da lei quanto como homem mau, Richard Widmark havia feito películas de guerra, comédias e os três westerns assinalados, todos muito bons. A partir de 1956, com os westerns “Punido pelo Próprio Sangue” (Backlash), dirigido por John Sturges e “A Última Carroça” (The Last Wagon), de Delmer Daves, Widmark ficaria mais identificado com o gênero. “
Em 1960 Richard Widmark atuou em apenas um filme, o discutido “O Álamo” (The Alamo). O encontro do liberal Widmark com o radical de direita John Wayne rendeu muitas histórias, uma delas quando após a assinatura do contrato, foi publicado um anúncio com foto do ator que interpretaria Jim Bowie e a frase "Welcome aboard, Dick" (bem-vindo a bordo, Dick). Ao recepcionar Widmark em Brackettville, John Wayne teve que ouvi-lo dizer na frente e todos os presentes: "Diga ao seu pessoal de publicidade que o nome é Richard", como que deixando claro que não queria nenhuma intimidade com John Wayne. Estupefato Wayne conseguiu responder apenas: "Eu vou dizer sim, Richard", enfatizando o nome do já declarado inimigo. Widmark sempre negou esse fato lembrando que todos, em qualquer lugar o chamavam pelo apelido ‘Dick’. Insatisfeito com a dimensão do personagem Jim Bowie, Widmark ameaçou abandonar a produção, sendo também ameaçado de um processo por quebra de contrato por John Wayne. Depois de provocar o Duke inúmeras vezes, certo dia o ator-produtor-diretor de “O Álamo” disse a Widmark: “Não só vou processá-lo, como também quebrar sua cara”, relato feito por Pilar Wayne em seu livro “My Life with the Duke”. No mesmo dia em que filmou sua última cena Richard Widmark partiu de Brackettville.

No western “Terra Bruta” Widmark contracena com James Stewart e é dirigido pelo Mestre John Ford. Em “Julgamento em Nuremberg”, drama de tribunal com elenco all-star, Richard Widmark tem um dos papéis mais importantes do filme. Outra superprodução, desta vez em Cinerama, processo revolucionário à época, foi “A Conquista do Oeste” (How the West Was Won), novamente com elenco reunindo alguns dos nomes mais importantes do cinema. “Os Legendários Vikings” (The Long Ships), de 1962 marcou o reencontro na tela de Widmark com seu grande amigo Sidney Poitier. “Sacrifício Sem Glória” (Flight from Ashiya) tem Widmark mais uma vez envergando uma farda, o que foi muito comum em sua carreira, filme de 1964, mesmo ano de “Crepúsculo de uma Raça” (Cheyenne Autumn), último western de John Ford, com Richard Widmark encabeçando grande elenco. O drama de guerra “O Caso Bedford” (The Bedford Incident), de 1965 marcou novo encontro dos amigos Widmark e Sidney Poitier.
Hollywood lutava contra o fechamento de cinemas e a perda cada vez maior de espectadores e não raro colocava em um mesmo filme dois ou até três astros de grande projeção para atrair o público. Foi o que aconteceu em “Alvarez Kelly”, western em que Widmark atua ao lado do protagonista William Holden.
Em “Assassinato no Expresso oriente” (Murder on the Orient Express), o nome de Richard Widmark está perdido entre uma lista enorme de atores famosos, entre eles Sean Connery e Ingrid Bergman. Widmark fez pela primeira vez uma incursão no gênero terror em “Uma Filha para o Diabo” (To the Devil a Daughter), contracenando com Christopher Lee, especialista nesse tipo de filmes. “O Último Brilho do Crepúsculo” (Twilight’s Last Gleaming), ficção-científica de 1977, estrelado pelo veterano Burt Lancaster teve a participação de Richard Widmark, um ano mais novo que Lancaster. Eram tempos de novos astros como Gene Hackman e Candice Bergen, com quem Richard Widmark contracenou no suspense “As Pedras do Dominó” (The Domino Principle). Os títulos dos próximos filmes de Richard Widmark, fechando a década de 70 dispensam comentários: “Terror na Montanha Russa” (Rollercoaster), “Coma” (Coma) e “O Enxame” (The Swarm), filmes que ganhavam algum status com a presença sempre respeitável de Widmark como coadjuvante. E justamente o ar respeitável e autoritário de Richard lhe possibilitaram personificar oficiais das forças armadas, juiz, senador, secretário de Estado e até presidente da República nos últimos anos de sua carreira.
O último faroeste da carreira de Richard Widmark foi “De Volta ao Oeste” (Once Upon a Time a Texas Train), com o cantor Willie Nelson no papel principal e Widmark como um capitão do Exército Confederado. Feito para a TV, o elenco traz os nomes de Chuck Connors, Ken Curtis, Stuart Whitman, Jack Elam entre outros veteranos, além de Angie Dickinson que por si só faz qualquer filme valer à pena. O último filme que contou com a participação de Richard Widmark foi “A Um Passo do Poder” (True Colors), em 1991, dirigido por Herbert Ross e no qual Richard interpreta um senador casado com a também veterana Dina Merrill.
Em 1997 Richard Widmark perdeu a esposa Jean Hazlewood, com quem teve uma única filha. Widmark casou-se novamente em 1999 com Susan Blanchard que havia sido uma das esposas de Henry Fonda. Richard Widmark escolheu para morar na cidade de Roxbury, em Connecticut ainda nos anos 70, nunca mais saindo de lá. A uma das homenagens recebidas por Richard Widmark em Roxbury, compareceu Sidney Poitier, para supresa do homenageado que disse: “Sidney, você veio de tão longe para cá!” Poitier respondeu: “Por você eu viria mesmo que fosse a pé...”
Richard faleceu em 24 de março de 2008, aos 94 anos de idade vítima de complicações após uma queda. Richard Widmark não era alto e não se podia dizer que era exatamente bonito, tendo vencido como ator por seu talento. No Brasil, no início de sua carreira, Richard Widmark foi logo apelidado de ‘Risadinha’ pelos fãs ávidos de assistir policiais em que destilava sua crueldade. Numa geração que produziu atores como extraordinários como Burt Lancaster, Kirk Douglas e Robert Mitchum, a esse grupo se juntou e é lembrado Richard Widmark. Sua presença na tela se impunha pelo aspecto respeitável, autoritário e com as especiais doses de maldade e heroísmo quando necessários numa carreira que durou mais de quatro décadas e resultou em trabalhos marcantes, a maior parte deles em faroestes.