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TUDO SOBRE CLUBE DA LUTA (1999)



SINOPSE?


Jack é um executivo yuppie, trabalha como investigador de seguros, mora confortavelmente, mas sua ansiedade o faz conviver com pessoas problemáticas como a viciada Marla Singer e a conhecer estranhos como Tyler Durden. Misterioso e cheio de ideias, Tyler apresenta para Jack um grupo secreto que se encontra para extravasar suas angústias e tensões através de violentos combates corporais.




FICHA TÉCNICA

Título Original: Fight Club.
Origem: Estados Unidos / Alemanha, 1999.
Direção: David Fincher.
Roteiro: Jim Uhls, baseado em livro de Chuck Palahniuk.
Produção: Ross Bell, Cean Chaffin e Art Linson.
Fotografia: Jeff Cronenweth.
Edição: Jim Haygood.
Elenco: Edward Norton, Brad Pitt, Helena Bonham Carter, Meat Loaf, Zach Grenier, Richmond Arquette, David Andrews, George Maguire, Eugenie Bondurant, Christina Cabot 
Música: The Dust Brothers.

O QUE EU VÍ DO QUE EU VI

Ví um dos melhores, mais irônicos, mais geniais filmes da década de 90...Haaah..Chega né? Estou eu elogiando um filme deste genial diretor de novo.
Ta bom, vamos aos defeitos:
1º - 
2º -
3º -
4º - putz, não achei nenhum!!!


ANTES DE TUDO E QUALQUER COISA, TALVEZ DEVESSE LER (OU NÃO), ESTAS OBSERVAÇÕES

1. No início do filme, depois do tradicional aviso de direitos autorais, há um segundo aviso que aparece por um segundo.



2. O diretor David Fincher afirmou em entrevistas que há pelo menos um copo do Starbucks visível em cada cena do filme.



3. Tyler Durden aparece brevemente na tela cinco vezes antes de realmente o conhecermos como um personagem.



4. E, em uma cena inicial do narrador, há um anúncio das Suítes Bridgeworth passando numa TV na frente dele…

Estrelando Brad Pitt...


5. A respiração na cena da caverna é na verdade a de Leonardo Di Caprio em Titanic, inserida na cena.



6. Brad Pitt não queria que seus pais assistissem o filme mas eles insistiram. Eles mudaram de ideia quando viram esta cena:




7. Antes de começarem as filmagens, Brad Pitt e Edward Norton fizeram aulas de boxe e de fabricação de sabão.


8. E, de acordo com o IMDB, Brad Pitt foi ao dentista para lascar seu dente da frente para o papel.



9. Helena Bonham Carter, de 1,57m, usou enormes sapatos plataforma para ficar mais perto dos 1,80m de Brad Pitt e dos 1,82m de Edward Norton.


10. E ela insistiu para que seu maquiador fizesse toda a maquiagem da personagem com a mão esquerda, porque ela acreditava que Marla não se importaria com esse tipo de coisa ou não seria boa nisso.



11. Durante esta cena, quando um membro do clube da luta espirra água num padre, a câmera treme um pouco porque o cinegrafista não conseguia conter o riso.


12. Antes de escolher Brad Pitt, os produtores inicialmente queriam Russel Crowe para interpretar Tyler Durden.



13. E tanto Sean Penn quanto Matt Damon foram considerados para o papel do narrador, que acabou sendo interpretado por Edward Norton.



14. Reese Witherspoon e Sarah Michelle Gellar foram ambas convidadas para o papel de Marla Singer, interpretado por Helena Bonham Carter.



Witherspoon não quis porque achou o filme “muito sombrio”, e o contrato de Gellar com o seriado Buffy não permitiu que ela aceitasse o papel.

Courtney Love e Winona Ryder também foram consideradas para o papel.



15. O nome da fonte utilizada para o título e créditos é “Fight This”.



16. Quando o narrador está no trabalho escrevendo haikus, os nomes que aparecem no documento da sua tela são dos assistentes de produção do filme e dos membros da equipe.


17. Brad Pitt e Helena Bonham Carter ficaram três dias gravando sons de orgasmo para as cenas não exibidas de sexo entre os personagens.


18. Esta fala na cena do travesseiro era para ser originalmente “eu quero ter seu aborto” mas uma produtora da Fox 2000, Laura Ziskin, achou ofensivo demais.



O diretor concordou em mudar a fala, com a condição de que na nova fala não caberia negociação. Quando Ziskin viu a nova fala (” Não sou comida assim desde a época da escola”) ela achou ainda mais ofensivo, mas não pôde fazer nada por causa do acordo.

19. Na cena em que o narrador bate em Tyler Durden pela primeira vez, era para Edward Norton ter dado um soco cenográfico em Brad Pitt…


Mas no último minuto, o diretor David Fincher falou para ele realmente bater no Brad Pitt. A contração de dor de Pitt é real, e você consegue ver Norton rindo disso.



20. O número de telefone de Marla Singer é o mesmo que o de Teddy no filme “Amnésia”.



É também o mesmo número de telefone do Hong Kong Restaurant em “Harriet, a Espiã”, o mesmo telefone de Eddie Alden no filme “Alguém Como Você”, e o número de uma instituição psiquiátrica em um episódio do programa “Millennium”.


21. Enquanto filmava esta cena, Edward Norton estava de fato completamente nu da cintura para baixo.


No comentário do DVD, ele conta isso para o diretor e então brinca “Você não notou que eu não precisei ir ao banheiro naquele dia?”

22. Para parecer pele flácida de maneira convincente, o figurino de Bob foi preenchido com alpiste. Pesava mais de 45 quilos.


23. Quando Tyler está discursando no clube da luta, ele olha diretamente para o personagem de Jared Leto quando ele menciona estrelas de rock.


No ano que precedeu o lançamento do filme, Jared Leto formou a atual banda “30 Seconds To Mars”, que já conta com disco de platina.

24. O filme apresenta diversas insinuações sutis a respeito do “relacionamento” especial entre Tyler Durden e o narrador.


Por exemplo, quando eles pegam um ônibus juntos o narrador paga apenas uma passagem. Numa cena posterior do filme, quando eles estão juntos num carro que Tyler está dirigindo, o narrador também sai pelo lado do motorista.

25. E, finalmente, na última cena do filme, há um flash de genitália masculina, igual as cenas que Tyler Durden inseria nos filmes no seu trabalho como operador de projeção de cinema.




ANÁLISE

Em 1871, quando tinha 16 anos, francês Arthur Rimbaud escreveu uma carta onde explicava sua teoria poética. Para ele, o artista tinha que expor a alma, experimentar “todos os venenos” para tornar-se um poeta – sábio, um passo à frente dos semelhantes. Tire os floreios da linguagem e o que sobra é mais ou menos a filosofia de Tyler Durden: só despindo-se de todos os resquício de humanidade é possível encarar a verdade frente a frente, de igual para igual. Tyler Durden, para quem não sabe, é o mestre zen às avessas que vira inspirador do protagonista de “Clube da Luta”, o filmaço de David Fincher que é a cara na sociedade contemporânea, brutal e hiper-acelerado.

Da mesma maneira que havia feito no espetacular policial “Seven”, Fincher apostou alto em “Clube da Luta”. Criou uma obra ambiciosa, apaixonada e apaixonante. Nada no filme é despretensioso; a construção da trama e dos personagens acontece de maneira meticulosa. O roteiro enfoca dois rapazes que criam uma espécie de pesadelo gestaltiano para extravasar emoções (literalmente, um clube noturno onde os homens de reúnem para bater uns nos outros e, espécie de desejo secreto de todos, apanhar). O filme expõe a violência de forma tão crua que incomoda. Como nos socos levados por Jack, as feridas abertas pela obra de Fincher insistem em não cicatrizar. Um cruzamento de “Laranja Mecânica” com a minissérie de quadrinhos “O Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller.


“Clube da Luta” é o tipo de filme polêmico que deixa uma cicatriz nos anos 1990. A rigor, trata-se de uma das primeiras obras que procuram, ainda que de forma meio desorientada, refletir sobre a apatia, a letargia de toda uma geração, que vê o mundo escorrer pelo ralo e parece mais preocupado em largar mais cedo do trabalho para se trancar em casa e jogar Nintendo, ou assistir à novela das oito. O discurso de Fincher é uma metralhadora giratória. Anti-religião, anti-consumismo, anti-TV, anti-tudo. Niilista, mas freudiano também. Não procura respostas apenas no mundo exterior, como o brilhante e surpreendente terceiro ato do filme (quando a verdadeira identidade de Tyler Durden é revelada) deixa evidente.

A reflexão interior é a chave para entender “Clube da Luta” – e, de quebra, os outros filmes do diretor, incluindo o subestimado “Vidas em Jogo”. No caso de “Clube da Luta”, as pistas para compreender isso estão espalhadas ao longo da produção. A luta que Fincher deseja enfocar é mais espiritual do que física. Isso mesmo. O cineasta flagra o homem brigando si mesmo, contra um destino imposto por algo maior do que ele (no caso, a sociedade criadora de regras de comportamento que ele mal compreende), um espelho que, no clube da luta do título, toma forma de um colega. Como Lúcifer, o homem de Fincher cai, mas arrogante até o fim.

O clube da luta é uma das melhores metáforas dos últimos tempos. E, através dela, é possível compreender que a filosofia de Rimbaud também é a filosofia de Fincher. Tyler Durden: um poeta de fim de milênio. Além disso, é uma metáfora edipiana muito engenhosa. Um exemplar moderno e raro de tragédia grega, que alinhava brilhantemente as obras anteriores do diretor. Em “Alien 3”, o monstro se escondia dentro da tenente Ripley; em “Seven”, a ira do detetive Mills põe tudo a perder no final; em “Vidas Em Jogo”, é a arrogância do milionário que quase transforma sua vida em ruína. Antes, o cineasta sussurrava. Em “Clube da Luta”, Fincher grita: “Meu maior inimigo está dentro de mim”.

Tudo, absolutamente tudo no filme tem o rosto do diretor. O roteiro de Jim Uhls é uma pequena gema, que capricha especialmente nos diálogos (preste bem atenção na cena em que Jack e Tyler Durden conversam pela segunda vez, em um bar – a filosofia do filme está resumida ali). A direção de arte faz maravilhas, especialmente nas locações (o apartamento de Jack e a casa de Tyler são cenários hiper-detalhados e comunicam muito sobre seus donos). Além disso, a dupla Edward Norton e Brad Pitt nunca desempenha abaixo da perfeição, dando um espetáculo à parte dos papéis centrais. Há ainda o som e trilha sonora, um retrato perfeito da ‘geração 90’. 
Prepare-se: quando os créditos do filme subirem, ao som da sarcástica “Where Is My Mind?” (Pixies), você estará testemunhando um dos exemplares mais bem acabados do cinema de denúncia social da geração 90. É uma ironia das ironias, travestida de produto elegante.

REGRAS DO CLUBE DA LUTA

1 - Você não fala sobre o Clube da Luta.
2 - Você não fala sobre o Clube da Luta.
3 - Quando alguém disser "pare" ou perder os sentidos a luta acaba.
4 - Só duas pessoas em cada luta.
5 - Uma luta de cada vez.
6 - Sem camisa, sem sapatos.
7 - As lutas duram o tempo que for necessário.
8 - Se é a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem que lutar.



“O quanto você conhece de si mesmo se você nunca entrou numa luta?”


CONTINUANDO A REFLEXÃO

Clube da Luta é um filme que trata sobre a sociedade atual de uma maneira nada convencional. Ao contrário do que muitos pensam o filme não se trata de violência, nem a banaliza. Clube da Luta é um filme sobre ideologia, com uma crítica bem ácida sobre a sociedade moderna. 

Jack (Edward Norton) é um executivo neurótico de uma empresa de automóveis que busca no consumo a satisfação pessoal.  O início do filme traz uma espécie de “clip” com a imagem de Jack mobiliando seu apartamento a partir de produtos que ele vê em anúncios. A música de fundo “This is your life” (Esta é sua vida) traz ao “clip” um ritmo alucinante além de fazer uma espécie de prévia do filme. Em passagens como “Você não é a sua conta bancária. Nem as roupas que usa. Você não é o conteúdo da sua carteira. (...)”, demonstra a crítica presente no filme à sociedade consumista moderna, na qual Marshall Berman em seu livro “A aventura da modernidade” fala que “ser moderno é fazer parte de um universo no qual como disse Marx ‘tudo que é sólido desmancha no ar.’”, ou seja, essa sociedade de consumo tenta impor à mente do ser humano que o consumo é o caminho para suprir os vazios que a vida moderna coloca em nós, mas segundo Berman esse caminho é frágil e pode se “desmanchar no ar”. “Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar. Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra espiritual, nossa grande depressão é a nossa vida”, é outra passagem do filme que retrata o sentimento da sociedade atual. 


  Jack também sofre de insônia crônica, deprimido com a falta de perspectivas de um american dream que já não se apresenta tão sedutor. Ele procura um médico e este o ironiza aconselhando-o a procurar um grupo de apoio a sobreviventes de câncer para que ele veja o que realmente é sofrimento. O protagonista, alienado, não entende a ironia do médico e se torna voyeur de grupos de apoio a viciados e de doenças graves. Numa dessas reuniões, ele conhece Marla (Helena Bonham Carter) que descobre seu “segredo”. Ela, viciada em heroína e com idéias fixas em suicídio, também encontra prazer em meio à desgraça daquelas pessoas. 

Jack não consegue, entretanto, se livrar de sua insônia quando repentinamente entra em sua vida Tyler Durden (Brad Pitt), um carismático vendedor de sabonetes com uma filosofia de vida destorcida.  Tyler faz seus sabonetes utilizando gordura humana que ele pega de clínicas de lipoaspiração e os vende a lojas da alta sociedade americana, ironizando mais uma vez a sociedade de consumo que se limpa com as “sobras” do próprio corpo. Ele acredita que a autodestruição é o que faz realmente a vida valer a pena. 

Depois de ter seu apartamento misteriosamente destruído por fogo, remetendo à idéia de que sua vida consumista acaba nesse ponto, Jack vai morar com Tyler. Em pouco tempo eles estão se esmurrando na saída de um bar, fato que dá um tom anárquico ao filme de David Fincher. A briga entre os dois é uma espécie de desabafo, e os proporciona prazer, motivando-os a fundar o Clube da Luta, uma organização secreta onde homens se encontrar para brigarem e seguirem então a filosofia de Tyler, para alcançarem a realização através da violência extrema. Nesse ponto, o filme de Fincher se parece com o clássico Laranja Mecânica de Stanley Kubrick, pois os dois mostram a explosão da violência como válvula de escape para o recalque provocado pela sociedade.  Esse tipo de experiência do filme é o que Berman chama de modernidade: “experiência de tempo e espaço, de si mesma e dos outros, das possibilidades e perigos da vida, que é compartilhada por homens e mulheres em todo o mundo, experiência vital”.

O Clube da Luta tem regras como “você não deve falar sobre o clube da luta” mas impressionantemente o clube vai ganhando cada vez mais adeptos e Tyler forma em sua casa um verdadeiro exército de homens que brigam, lutam... Brigam pelo quê? Lutam pelo quê? O título do filme e da organização remete a essas perguntas. Será que realmente eles brigam somente para se satisfazerem? Ou será que eles brigam também contra uma sociedade hipócrita, consumista, na qual só os famosos são realmente plenos, na qual só quem pode consumir é feliz? Obviamente essas perguntas são respondidas analisando profundamente o conteúdo do filme. Freud chamou essa necessidade do ser moderno de histeria, a idéia de que uma vida a ser invejada foi substituída pela de uma vida boa. 

Tyler na verdade, é tudo que Jack, no seu íntimo, deseja ser, faz tudo que Jack deseja fazer. Tyler é um homem que se livra dos horrores da vida moderna como a sociedade de consumo, Tyler consegue ter a mulher, Marla, que Jack desejava, Tyler é invejado por seu exército e tem um plano de destruição do capitalismo, o Projeto Caos. Esse projeto, um pouco diferente do Clube da Luta, busca a conscientização e a mudança individual. O diretor consegue mostrar bem que pessoas devem perceber que estão vivendo de maneira errada, que estão infelizes e desperdiçando suas vidas atrás de coisas supérfluas. “Você está livre para sair do Projeto Caos quando quiser. A escolha é sua. Mas ao sair você prova que é igual a todos. Que não tem vontade de viver. Não tem vontade de mudar tudo. Aceita o mundo em que vive. Aceita seus móveis importados. Aceita sua arte inteligente. Aceita a corrida em busca de um corpo perfeito. Prova que não tem personalidade. Não tem cérebro. É a única bosta que canta e dança no mundo”. Tyler mostra que a única solução para essa situação é a revolução, a guerra, o que Marshall Berman chama de higienização do mundo.  

Jack, cansado de ver Tyler fazendo tudo por ele, marca um encontro entre os dois em um prédio. Tyler explica-lhe então o projeto e dá indícios de que naquele mesmo dia irá destruir tudo. Jack se revolta contra Tyler e pela primeira vez na vida, consegue fazer o que seu instinto, o que Freud chama de “id”, prevaleça: ele dá um tiro em Tyler. Depois disso, Jack revive todos os momentos com Tyler e descobre (está implícito no filme, mas é muito claro) que na verdade, Tyler era o seu outro “eu”, Tyler era o Jack que fazia o que queria, que odiava a podridão da sociedade e que planejou a destruição de tudo isso. Tyler durante o filme diz: "Eu sou a mente surpresa de Jack". A partir do momento em que Jack conseguiu impor seu instinto para si mesmo, ele não precisava mais de Tyler. Jack, ao matar Tyler, simbolicamente “matou” sua personalidade fraca e depois assistiu a todos os ícones do mundo capitalista globalizado serem destruídos. Na verdade, o projeto de Tyler/Jack era implodir todos os prédios que simbolizavam o mundo consumista e Jack, que estava dentro de um desses prédios, assistiu ao fim desse mundo e isso foi também o seu fim, pois ele sentiu-se realizado. “Aprenda a viver, descanse quando morrer. Tudo que você precisa está dentro de você”.

O filme de David Fincher mostra que a moderna humanidade se vê em meio a uma enorme ausência e vazio de valores, mas, ao mesmo tempo, em meio a uma desconcertante abundância de possibilidades. É o que filósofo Friedrich Nietzsche chama de “o advento do niilismo” que “o indivíduo, em tempos como esse, ousa individualizar-se”.  As possibilidades desse mundo são ao mesmo tempo gloriosas e deploráveis. “Nossos instintos podem agora voltar atrás em todas as direções; nós próprios somos uma espécie de caos”. Esse trecho retirado do livro Além do bem e do mal do próprio Nietzsche parece traduzir o que se passa na mente de Tyler durante todo o filme. Nietzsche observa ainda que há uma grande quantidade de mesquinhos cuja solução para o caos da vida moderna é tentar deixar de viver: para eles “tornar-se medíocre é a única moralidade que faz sentido”. Baseado nessa observação percebe-se que Tyler, para não se tornar “medíocre”, tomou uma postura diferente, ele buscou no Clube da Luta, uma solução distinta.

A teoria do conflito na cultura moderna de Max Webber relaciona-se com a sociedade odiada por Tyler no filme porque de acordo com Webber, as grandes massas não têm sensibilidade, espiritualidade ou dignidade e esses “homens-massa” ou “homens-ocos” não tem o direito de governar nada nem ninguém, nem a si mesmos. Eles precisariam de uma conscientização, também proposta do Projeto Caos no filme, para exercer alguma função na sociedade. As massas não têm ego, nem “id”, suas almas são carentes de tensão interior e dinamismo; suas idéias, suas necessidades até seus dramas “não são deles mesmos”; suas vidas interiores são “inteiramente administradas”, programadas para produzir exatamente aqueles desejos que o sistema social pode fazer, nada além disso. “O povo se auto-realiza no seu conforto; encontra sua alma em seus automóveis, seus conjuntos estereofônicos, suas casas, suas cozinhas equipadas”. Essa é a crítica que o diretor faz, muito bem representada no filme. 

"Fomos criados pela televisão para acreditar que um dia, seríamos ricos, estrelas de cinema e do rock. Mas não seremos. E estamos aos poucos aprendendo isso". Neste argumento do personagem Tyler, vemos claramente o inconformismo, a angústia e o medo do homem ao "cair na real", e perceber que sua vida é muito mais do que as regras que ele e a sociedade estabeleceram para viver.  A modernidade parece ser constituída por suas máquinas, das quais os homens e mulheres modernos não passam de reproduções mecânicas. A anarquia do Clube da Luta é uma espécie de vanguarda e propunha estar fora dessa sociedade consumista para analisá-la e depois destruí-la.  "A propaganda nos faz correr atrás de coisas, trabalhos que odiamos, para acabar comprando o que não precisamos". São essas e outras características que se deve enxergar em Clube da Luta: um filme que justifica todas as acusações da influência negativa que os filmes de Hollywood têm na sociedade - e que a própria sociedade têm sobre a sociedade. E não existe nada mais inusitado e engraçado do que colocar Brad Pitt como o personagem anti-hollywood e Edward Norton como um cara alienado e com cara de bobo.
Após assistirmos ao filme de Fincher, parece que levamos um soco na boca do estômago, é um filme no qual não se consegue ver comendo pipoca, é algo que incomoda e se incomoda, deve ser pensado, refletido. O homem comete atrocidades todos os dias, mas vê-las na medida certa numa tela de cinema não fácil. O diretor mostra tudo isso numa velocidade alucinante e profunda, como em um clip imaginário, sem ser raso ou maniqueísta. O soco, portanto, vale o sofrimento. 



FRASES

"Trabalhamos em empregos que não gostamos, para comprar um monte de coisa que não precisamos."

"Somos uma geração sem peso na história.
Sem propósito ou lugar.
Nós não temos uma Guerra Mundial.
Nós não temos uma Grande Depressão.
Nossa Guerra é a espiritual.
Nossa Depressão, são nossas vidas.
Fomos criados através da tv para acreditar que um dia seriamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock.
Mas não somos."

"Esta é a sua vida, e ela está acabando um minuto de cada vez."

"As coisas que você possui acabam possuindo você."

"É apenas depois de perder tudo que somos livres para fazer qualquer coisa"

"Primeiro você tem que se entregar, primeiro você tem que saber não temer, saber que um dia você vai morrer."

"Você não é o que faz para viver. Você não é a sua família e não é quem pensa que é. Você não é o seu nome.Você não é os seus problemas. Você não é a idade que tem. Você não é suas esperanças."

"Escutem aqui, vermes. Vocês não são especiais. Vocês não são um belo ou único floco de neve. Vocês são feitos da mesma matéria orgânica em decomposição como tudo no mundo."

"A camisinha é o sapato de cristal da nossa geração. Você calça um quando conhece um estranho, dança noite toda, depois joga fora, a camisinha, é claro, não o estranho!"

"Por que será que vivemos trabalhando para produzir o que não consumimos e, em troca disso, consumimos o que não nos é útil e temos o que não utilizamos, e, por fim, nunca estamos satisfeitos?"


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