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LONGE DOS HOMENS (2014) - FILME REVIEW


CAMUS, VIGGO E LONGE DOS HOMENS

Dirigido por David Oelhoffen ("En Mon Absence", "Nos Retrouvailles"), o filme é um drama sobre dilemas interiores e crises existências,  que adapta o  conto  chamado "O hóspede", escrito em 1957 por Albert Camus, escritor ganhador do prêmio Nobel e filósofo francês (nascido na Argélia) conhecido pela sua "filosofia do absurdo".

A produção, distribuída pela A2 Filmes no mercado de home vídeo no Brasil,  conta a história de Daru (Viggo Mortensen),  um professor idealista que apenas deseja ajudar os seus jovens alunos a crescer e ter uma vida melhor. Um dia é obrigado a escoltar Mohamed (Reda Kateb), um aldeão acusado de homicídio, até à cidade de Tinguit, onde terá de ser entregue à polícia para julgamento. Apesar da recusa inicial, Daru aceita a missão. Porém, perseguidos por homens que procuram fazer justiça pelas suas próprias mãos, os dois vêem-se perdidos no deserto. Sem escolha, eles sabem que têm de continuar o caminho, mesmo cientes das poucas hipóteses de sobreviver aos perigos da jornada…


CAMUS

Albert Camus nasceu na Argélia,  então colônia francesa, em 1913. Sua família tinha poucos recursos e seu pai morreu combatendo na Primeira Guerra Mundial. Em 1923, Camus entrou para o liceu e depois para a Universidade da Argélia. Em 1930 contraiu tuberculose, o que o afastou dos esportes (era goleiro) e diminuiu seu tempo de estudo na universidade. Em 1934 ingressou no Partido Comunista Francês e casou-se com Simone Hie, de quem se divorciaria pouco tempo depois. No ano seguinte, licenciou-se em filosofia e fundou o "Teatro do Trabalho". Em 1936, apresentou uma tese sobre o filósofo grego Plotino e engajou-se no Partido do Povo da Argélia. De 1937 a 1940 escreveu para dois jornais socialistas.

Foi recusado no exército francês por causa de suas más condições de saúde. Em 1940, já morando em Paris, casou-se com Francine Faure e começou a trabalhar para a publicação "Paris-Soir". No ano seguinte mudou-se para Bordeaux, junto com a redação da revista.

Em 1942 publicou dois de seus livros mais importantes, o já mencionado "O Estrangeiro" e "O Mito de Sísifo". Segundo muitos críticos, a ideia do absurdo da existência humana, formulada nestas obras, foi a maior contribuição de Camus para a filosofia.


Em 1946, Camus viajou aos Estados Unidos, proferindo palestras sobre o existencialismo, para estudantes em Nova Iorque. Publicou "A Peste", no ano seguinte. O romance é uma alegoria da ocupação alemã e da condição humana (foi traduzido para o português pelo escritor Graciliano Ramos).

Entre 1949 e 1951, Camus viveu recluso, enfraquecido por causa de uma nova recaída da tuberculose. Em 1951 publicou "O Homem Revoltado", em que faz uma análise da ideia de rebelião e revolução, rejeitando o comunismo. Essas idéias foram perturbadoras, em meio a uma intelectualidade francesa comprometida com o marxismo, e provocaram sua ruptura com Sartre.

De 1955 a 56, trabalhou no semanário L'Express. Em 1957, recebeu a maior honraria literária em reconhecimento à sua obra: o Prêmio Nobel de Literatura. Morreu três anos depois, vítima de um acidente automobilístico. Deixou dois filhos gêmeos, Catherine e Jean.

VIGGO

Fruto do casamento de um dinamarquês (também chamado Viggo) com uma americana chamada Grace, o ator passou boa parte do começo de sua vida em Manhattan, nos Estados Unidos, mas também zanzou pela América do Sul, mais precisamente na Venezuela e Argentina, além de passagem também pela Dinamarca. 

Tendo começado os estudos de arte dramática em Nova York, alguns anos depois fazia sua estreia em uma mini-série americana George Washington (1984) e em seguida apareceria no clássico A Testemunha (1985) protagonizado por Harrison Ford. Provavelmente, muita gente não vai lembrar mas foi dele o personagem Moses Hochleitner, um dos fazendeiros da complicada comunidade Amish. Depois disso, seu rosto apareceu em outras produções para a TV.

Em 1987, mudou-se para Los Angeles e no mesmo ano daria as caras na comédia Salvation!: Have You Said Your Prayers Today?. Nessa produção conheceu a atriz Exene Cervenka e casou-se com ela no mesmo ano e juntos teriam um filho: Henry. Cerca de onze anos depois o casamento chega ao fim. Curiosamente, foi o garoto que deu a dica para o pai aceitar (em 1999) o papel de Aragorn no universo criado por J.R. Tolkien porque Mortensen não tinha o menor conhecimento. O filme da trilogia, O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel, foi lançado em 2001 e, veja você, foi o que projetou a carreira dele junto ao grande público.


Antes disso, porém, esse ator que fala fluentemente inglês, espanhol e dinamarquês, trabalhou em produções com grandes nomes na direção e no elenco, como Sean Penn, em Unidos pelo Sangue (1991), O Pagamento Final (1993), de Brian De Palma, e também com os irmãos Tony Scott e Ridley Scott, em Maré Vermelha (1995) e Até o Limite da Honra (1997), respectivamente.

Em 2000, chegou a fazer uma exposição com suas fotografias em uma galeria de Nova York e vale lembrar também que seu livro de poesias "Ten Last Night" foi lançado antes de se tornar ator conhecido. Como músico, já lançou discos de jazz e sua faceta de pintor permitiu que suas obras ilustrassem o set do filme Um Crime Perfeito (1998). Esse filme, por sinal, foi uma refilmagem de Disque M Para Matar, de Alfred Hitchcock, e o ator estaria em outra do mestre do suspense no mesmo ano: Psicose (1998).


Anos mais tarde, em 2004, Mortensen passaria a integrar a Academy of Motion Picture Arts and Sciences (AMPAS), mas antes disso seu nome já estava projetado internacionalmente, tendo recebido diversos prêmios e indicações, culminando com a de Melhor Ator por seu incrível trabalho em Senhores do Crime (2007). Para o papel, além de aulas de dialeto ucraniano, ele passou várias semanas na Rússia para entender e incorporar melhor as características de seu personagem.

Revelando os contrastes da fama, apesar de ter seu nome presente em diversas listas de "mais quentes ou sexies" em publicações populares, no ano de 2010 ele foi nomeado Cavaleiro pela Rainha Margrethe II da Dinamarca.

Viggo continua buscando papéis diferentes e complexos como este...

LONGE DOS HOMENS

O filme se passa durante a Guerra da Argélia,  entre 1954 e 1962, que foi o conflito civil pela independência do país, tendo dois principais partidos revolucionários: o FLN (Frente de Libertação Nacional) e o MNA (Movimento Nacional Argelino). Embora ambos quisessem a proclamação de independência da Argélia, havia uma divergência entre os intransigentes da Argélia francesa e os seguidores da política desenvolvida pelo General De Gaullle. De fato surgiram duas guerras, uma contra o domínio francês e outra entre os dois partidos revolucionários argelinos.


Quanto à guerra entre o principal partido, FLN, e a França, colonizadora do país desde 1830, foi marcada pelos ataques em massa, ataques terroristas de ambos os lados, além de torturas por parte do lado francês. Essas políticas da França foram escondidas da população francesa, que era claramente contra as crueldades, o governo francês censurou vários jornais e meios de comunicação para esconder a verdade. Na luta contra as correntes do partido MNA, o FLN venceu e após vários conflitos, a França teve que reconhecer a independência da Argélia em 5 de julho de 1962.

“Longe dos Homens” revela um confronto de moralidades onde é impossível encontrarmos certos ou errados. Encontramos apenas escolhas, causas e consequências. Daru é um moralista por natureza, enquanto Mohamed vem de um realismo irredutível, tão dependente da família e das suas crenças que a sua vida acaba por valer pouco. Este ponto, sobre o valor da vida, é uma discussão deliciosa, e percorre o filme inteiro, com a música de Nick Cave & Warren Ellis para tornar a obra inesquecível.



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