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PAULO TELLES - RESPONDE ÀS 7 PERGUNTAS CAPITAIS

Carioca, do bairro cultural e boêmio da Lapa do Rio de Janeiro, onde reside até hoje, Paulo Telles é locutor e radialista com formação pela Escola de Rádio do Rio de Janeiro. Também é escritor e esta na eminência de publicar, para o próximo ano, o primeiro livro, em parceria com o amigo Saulo Adami.

É editor do Blog FILMES ANTIGOS CLUB – A NOSTALGIA DO CINEMA, espaço este que tem se dedicado há anos, onde publica matérias ligadas ao cinema antigo e clássico, seja através de resenhas de grandes filmes ou biografias de astros e estrelas do passado.

Paulo é mais uma figura ilustre que responde as 7 perguntas capitais.  Vamos a elas:

1) Quando nasceu sua paixão pelo cinema? Houve aquele momento em que olhou para trás e pensou: sou cinéfilo!!?? 

P.T.: Meu interesse por cinema começou quando ainda era adolescente, por volta dos meus 13 ou 14 anos de idade, ou seja, já se vão um pouco mais de 30 anos desse cultuado prazer. Mas ainda na infância eu curtia os filmes clássicos que eram exibidos nas matinês pela TV. Infelizmente não vivi no tempo quando grande parte destas produções eram exibidas nas nossas salas de cinema, muitas delas já extintas. Talvez o que tenha mais me influenciado a gostar tanto de cinema e de filmes antigos foi ao assistir as superproduções épicas, como Ben-Hur (de William Wyler, 1959) e Quo Vadis (de Mervyn Le-Roy, 1951).

Mesmo num televisor de tubo de 20 polegadas e a primeira colorida que tínhamos lá em casa, não deixava passar despercebido pelos cenários suntuosos, figurinos, e cenas de multidão. Também fui um assíduo espectador da “Sessão Western” aos sábados pela televisão, onde passei a cultuar grandes ícones do faroeste americano, como Randolph Scott, Audie Murphy, e Joel McCrea, e dos cowboys italianos, Franco Nero e Giuliano Gemma.

Entretanto, de espectador eu também passei a querer me inteirar sobre cinema, filmes, astros e estrelas. Em suma, queria conhecer o cinema como arte e sua “magia”. Por isso, comecei a comprar revistas sobre cinema, como a saudosa Cinemin, publicada anos a fio pela extinta editora EBAL. “Devorei” artigos escritos por grandes colaboradores dessa revista, como João Lepiane, Fernando Albagli, Gil Araújo, Salvyano Cavalcanti de Paiva, A.C Gomes de Mattos, e Saulo Adami, que hoje é meu amigo e temos um projeto em comum. Infelizmente, todos, com exceção de Adami e de Gomes de Mattos (que tem um formidável site intitulado HISTÓRIAS DE CINEMA), já faleceram.

Além das revistas, fui adquirindo alguns livros nacionais e importados, que me ajudaram a ter um conhecimento um pouco mais sólido sobre a Sétima Arte, e através disso, conhecer os grandes diretores e seus diversos trabalhos. Até hoje, tenho o primeiro livro que adquiri sobre cinema, em 1985, de autoria do finado crítico de cinema Paulo Perdigão: O Western Clássico – A Gênese e a Estrutura de Shane, onde o escritor fala de suas experiências de conhecer as locações de filmagem deste grande clássico, e o encontro com o diretor, George Stevens.

2) Coleciona filmes, cds ou algo relacionado à 7ª arte ? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa...

P.T.: Coleciono filmes antigos desde 1988, ainda no áureo e saudoso tempo do VHS. Acompanhava as programações televisivas pelos jornais e marcava qual o filme que tivesse interesse de gravar e guardar para assistir de novo quando bem quisesse. Fiz isso por um bom tempo, salvo quando tive que entrar para faculdade de manhã e conciliar meu antigo emprego de tarde até a noite. Aí diminuí o meu ritmo como colecionador. Mas já nesta altura, me deparei que já tinha um bom número de filmes. 

Com o advento do DVD, eu transferi algumas matrizes para esta tecnologia. Outras fitas VHS me desfiz para conseguir matrizes melhores em DVD, seja comprando pelas lojas ou ainda fazendo intercâmbio com outros colecionadores na simpática base da troca, e ao longo dos anos, consegui até formar um catálogo pessoal. Ainda tenho em meus domínios alguns bons títulos no VHS original.

Ainda sobre cinema, tenho CDS com várias trilhas sonoras de grandes filmes, onde compositores como Alfred Newman, Jerry Goldsmith, Miklos Rozsa, Dimitri Tiomkin, Ennio Morricone, Elmer Bernstein, entre outros, tem lugar de honra em minha “vitrola”. Possuo livros sobre cinema, desde nacionais e importados que não chegam a ser uma “grande coleção”, mas que me são de extrema importância e ajuda, quando resolvo consultar um ou outro para a elaboração de minhas matérias no blog. Posso dizer ainda que coleciono gibis antigos, alguns até já encadernados. O engraçado que foram justamente os quadrinhos que também me influenciaram, de certa forma, a gostar de cinema.

3) Quando surgiu a ideia do seu blog? O que te motivou a fazer este trabalho?

P.T.: Realizando uma pesquisa para um trabalho pela internet, há seis anos, me deparei com outros blogs pessoais que falavam sobre cinema. Um era mais fantástico que o outro e para mim até então tudo aquilo era novidade. Lembrei-me que tinha tanto material e informações sobre os filmes clássicos, artistas, cineastas, e pensei: por que não dividir tanto conhecimento para fãs da Sétima Arte e seus leitores? De que adianta ter tanta informação se você não compartilha com seus semelhantes aquilo que pode saber? E ainda, dividir com pessoas que tem o mesmo interesse sobre o assunto e criar um link com elas? Por isso montei o espaço FILMES ANTIGOS CLUB – A NOSTALGIA DO CINEMA em 2010, onde posto matérias referentes ao cinema antigo, com resenhas de grandes filmes, e biografias de atores e atrizes que deram sua contribuição para esta “máquina de sonhos”.

Meu propósito também é interagir com o leitor através do setor de comentários. Muitas vezes me deparo com leitores que comentam em algum dos artigos e sempre tem algo a mais para acrescentar em minhas matérias, e isso eu acho muito bacana, porque eu também posso aprender com quem está dando suas opiniões e expressando os seus pontos de vista sobre um determinado tópico no blog. 

4) Qual experiência, relacionada ao mundo do cinema, que mais te marcou?

P.T.: Em 1996, fui convidado por um amigo a assistir dois grandes clássicos num evento cultural no Paço Imperial, na Praça XV, e que durou um mês. Na primeira semana assisti em tela panorâmica o clássico de Joseph L. Mankiewicz, A Malvada (All About Eve, 1950), estrelado por Bette Davis, e na semana seguinte assisti Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution, 1957), de Billy Wilder, com Marlene Dietrich e Tyrone Power.

O simples fato de assistir a estas duas grandes relíquias da cinematografia mundial numa verdadeira tela de cinema para mim não teve preço, logo eu que não vivi ao lançamento destas obras em nossas salas de projeção. Pode não ter sido uma experiência dentro do mundo do cinema, mas para mim foi uma experiência ligada ao cinema, experiência esta que tempos depois, em 2000, se repetiu quando fui assistir ao Ciclo Noir no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde acompanhei Cinzas que Queimam (On Dangerous Ground, 1951), de Nicholas Ray e estrelado por Robert Ryan (um dos meus atores favoritos) e Ida Lupino, e Amarga Esperança (They Live by Night, 1948), do mesmo cineasta, que também merece minha preferência entre os grandes diretores.

5) Cinéfilos tem suas preferências. Existe uma lista dos "filmes da sua vida"? Tipo um top 10 ou algo assim...

P.T.: Listas? Sim, mas devo confessar que com o passar dos anos, sempre faço uma revisita e, às vezes, acabo alterando um pouco dando mais preferência a um título e outro. Entretanto, ficam inalterados  estas que são marca-rubra em minha listagem, como Ben-Hur, do grande diretor William Wyler, de 1959, com Charlton Heston. Sem dúvida é uma obra insuperável e inesgotável e o remake não deu nem para um carretel. Rastros de Ódio (The Searchers), de John Ford (outro dos meus diretores favoritos), produzido em 1956, está entre meus dez westerns favoritos, e o melhor desempenho de John Wayne, um astro que é uma das grandes lendas do cinema, e embora fosse um ator de limitados recursos interpretativos, ele era o “cara”. Ainda no setor dos westerns, não posso deixar de pautar Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch), um faroeste “divisor de águas” no cinema americano e dirigido pelo “poeta da violência”, Sam Peckinpah, onde os mitos do Oeste caem em completa desgraça.

Matar ou Morrer (High Noon), do cineasta Fred Zinnemann, de 1952, merece minhas mais profundas reverências, onde Gary Cooper conquistou seu segundo Oscar pelo papel do Xerife Will Kane, que particularmente considero como o herói mais humano já apresentado dentro do gênero do faroeste. A Face Oculta (One-Eyed Jacks), único filme dirigido por Marlon Brando em 1961 e que também estrela, se encontra igualmente entre os meus preferidos ao estilo. No setor da comédia, Um Convidado Bem Trapalhão (The Party), de Blake Edwards, de 1968, e Deu a Louca no Mundo (It's a Mad Mad Mad Mad World), de Stanley Kramer, de 1963, estão carinhosamente marcadas em minha lista. Finalmente, O Expresso da Meia Noite (Midnight Express) de Alan Parker, de 1978, integra importante lugar entre os filmes mais realistas e dramáticos que pude assistir. Ainda há muitos outros títulos de minha preferência, muitos mesmo, mas creio que se eu pautasse todos, não sobraria mais espaço para esta entrevista (risos).

M.V.:  "O Expresso da Meia Noite", por acaso, comprei o bluray na Saraiva nesta semana e assisti novamente depois de muitos anos. E continua um grande filme. E "Matar ou morrer" eu também revi neste mês, em bluray, e continua um dos maiores westerns já feitos.

6) Existe algum projeto engatilhado?

P.T.: Positivamente! Para o blog nos dias 4 e 11 de dezembro, vou publicar a biografia de Kirk Douglas, em celebração do centenário desta lenda viva das telas, que celebrará seu aniversário no próximo dia 9 de dezembro, Será uma matéria de duas partes, onde será focada a vida e a obra de Douglas, com sua filmografia completa. Para o próximo ano, publicarei meu primeiro livro em parceria com Saulo Adami, Paladino do Oeste, projeto este que já está em andamento e que terá muitas informações e curiosidades acerca de uma das mais populares séries de TV de todos os tempos, estrelada por Richard Boone. Ainda para o ano que vem, pretendo produzir dois programas de rádio direcionados ao cinema. Um deles será voltado para trilhas sonoras (em 2014 produzi o Cineclube, pela estação Web de rádio). O outro será voltado para uma “revista” sobre cinema, onde pretendo abordar através de um giro de notícias os últimos acontecimentos que cercam o mundo da moderna Sétima Arte e de suas celebridades.

7) E para finalizar, se pudesse deixar uma lição destes anos que se dedica ao cinema, qual seria?

P.T.: Não sei se me “dedico ao cinema”. Tudo que sei é que sou um amador apaixonado pelo cinema antigo e por um período que não vivi. Acho o passado mais interessante que o presente, mas não deixo de ter os pés no chão e seguir para o futuro. Contudo, se apreciar esta fase, que na minha opinião, foi talvez a mais produtiva de toda a sua história é “dedicação ao cinema”, então eu posso dizer que a lição que fica é o legado que quero deixar sobre grande parte desta trajetória para a posteridade, como contribuição cultural através do meu blog ou em outros meios que vier. S

eja em que setor for, seja no cinema, no teatro, na música, na pintura, ou em outras áreas artísticas e culturais, se você tem conhecimento em algum destes espaços e se dedica de alguma forma a elas, divide com seus semelhantes o que vem a saber. Não tenha vergonha! Divide seus conhecimentos porque com isso também aprendemos, e muito. Como dizia a grande Cora Coralina: Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

M.V.: Obrigado Paulo. Sucesso sempre. 


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