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MULHER DE PRETO NO CINEMA / TV



MULHER DE PRETO

Título Original: The Woman In Black
Direção: Herbert Wise
Roteiro: Nigel Kneale, Susan Hill
Ano: 1989
Elenco:
Adrian Rawlins (Arthur Kidd)
Albie Woodington (Fireman)
Alison King (I) (Gypsy Woman)
Andy Nyman (Jackie)
Bernard Hepton (Sam Toovey)
Clare Holman (Stella Kidd)
David Daker (Josias Freston)
David Ryall (Sweetman)

MULHER DE PRETO

Título Original: The Woman in Black
Ano: 2012 • País: UK, CANADÁ, SUÉCIA
Direção: James Watkins
Roteiro: Jane Goldman, Susan Hill
Produção: Richard Jackson, Simon Oakes, Brian Oliver
Elenco: Emma Shorey, Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Molly Harmon, Ellisa Walker-Reid, Sophie Stuckey, Misha Handley, Jessica Raine, Roger Allam, Lucy May Barker, Indira Ainger


O jovem advogado Arthur Kipps é responsável pela tarefa de organizar a papelada da herança de uma senhora solitária que morreu na isolada cidade de Crythin. No local, ele percebe uma certa relutância dos moradores em chegar à mansão onde ela morava e ainda mais explicar sobre o passado dela e certas tragédias que ocorrem nos arredores. Apesar dos avisos, Kipps insiste em sua tarefa, pois aspira uma boa colocação na firma de advocacia, mesmo quando começa a ser assombrado pelo vulto negro de uma mulher e por acontecimentos estranhos durante sua estada na região. Essa é a trama do romance de Susan Hill, que inspirou a realização do filme para a TV A Mulher de Preto, em 1989, e seu remake lançado em 2012, com Daniel Radcliffe como protagonista.

Se a presença de uma pessoa vestida de branco já seria suficientemente assustador, bem pensou a autora ao introduzir uma personagem usando roupagens de luto, espreitando em lugares inusitados. Não é a primeira vez que essa ideia foi trabalhada na TV ou no cinema, pois uma figura nas mesmas características também esteve presente entre as assombrações do clássico Os Inocentes (1961), tendo ainda a fotografia em preto-&-branco para intensificar o macabro. Talvez não fosse necessário dar a ela aspectos assustadores como ambas as produções fizeram, principalmente o remake e o seu CGI de praxe das produções atuais. Outra contribuição importante e bem trabalhada nas duas obras é a localização da mansão. Tendo seu aspecto gótico, com o cemitério nas proximidades, o melhor ficou por conta do fato dela ser isolada por uma longa estradinha à margem de um pântano fétido e seu alcance ser impedido pela subida da maré. O remake acertadamente introduziu alguns elementos aterrorizantes como brinquedos macabros e a escuridão como elemento surpresa; mas a produção de 1989 soube trabalhar melhor com o sugerido, com os sons que perturbam pela repetição e a neblina densa.

Após ler esses três parágrafos acima você deve estar com a impressão de que eu gostei dos dois filmes ao relatar suas qualidades e habilidades de causar medo, certo? Pois, não é verdade. Embora os conceitos sejam bons, talvez apenas funcionem no papel, pois ambos os longas cometeram erros em sua condução e na adaptação do texto original. Ainda assim, pode-se dizer que o remake é superior ao original, embora seu final bobo extermine qualquer possibilidade de uma boa avaliação. Portanto, o objetivo desta análise é apresentar as diferenças entre as duas versões, deixando ao espectador a opção de escolha pela que melhor retratar o texto original.

Enquanto o remake preocupou-se em fazer uso da velha fórmula do personagem amargurado por uma tragédia, a produção de 89 traz um advogado mais alegre, pais de duas crianças, esposa viva, trabalhando numa firma repleta de funcionários jovens e alguma pitada de diversão. Ainda que seja clichê, a melhor vestimenta para Arthur (Kipps no remake e texto original; e Kidd no filme de 1989) ficou com a nova versão ao dar ao personagem toda a depressão que conduz sua missão, colocando-o como um vulcão prestes a explodir, tendo no filho a única motivação de seus atos. Por outro lado, a escolha de Daniel Radcliffe como protagonista não foi correta, principalmente pelo fato do ator não conseguir transmitir toda a angústia de seu personagem e ainda estar associado à franquia Harry Potter. O Arthur Kidd, de Adrian Rawlins (que, curiosamente, fez o papel de James Potter em Harry Potter), é mais alegre e aceito pelos moradores, mas, aos poucos, vai deixando a insanidade tomar conta à medida em que percebe que não há meio de fugir da tal Mulher de Preto. O ator está melhor, mas o personagem do remake foi mais bem construído.

Contudo, o remake não explicou o motivo dos moradores não quererem a presença de Arthur ali. Parece que ele seria a pólvora que iniciou as tragédias, embora, na verdade, não seja. Neste conceito, a versão original acertou ao não estabelecer essa relação tão conturbada.


Não há nada mais chocante numa produção de qualquer gênero do que acompanhar a morte de uma criança. Além de ser uma atitude ousada, as obras que fazem uso desse recurso permitem que a inocência morra com os pequenos. Enquanto na versão de 1989, as crianças falecidas são simplesmente mencionadas, com apenas uma garota sofrendo um acidente em certo momento até ser salva pelo protagonista, no remake, a cena inicial já traz um suicídio coletivo de três irmãs e ainda apresenta novas mortes no decorrer da produção: talvez a mais chocante seja aquela em que uma menina coloca fogo sobre seu corpo após ver a figura sinistra da Mulher de Preto.

A versão de 89 não tentou chocar o espectador, não mostrou crianças morrendo on screen, o que diminuiu o impacto da presença da vilã. É provável que a intenção seja amedrontar o protagonista, mesmo que ela nunca represente uma ameaça real até a sequência final. Não existe suicídio, apenas tragédias. Ponto para o remake.

Na nova versão, a mulher de preto aparece o tempo todo, como se fosse a materialização da própria Morte. Além disso, algumas vezes ela aparece com o rosto modificado pelo CGI, dando-lhe um aspecto de demônio, com a pele pálida, olhos negros, acompanhada de um som agudo para assustar o espectador. Sua aparição é constante, sempre levando à morte de uma criança…
No filme de 1989, demora para Arthur Kipps perceber que se trata de uma assombração: aparecendo sempre em cemitérios, observando de longe, ela consegue transmitir uma sensação de incômodo constante, sem apelar para gritos ou efeitos especiais. Sua maquiagem é a típica de um morto-vivo, com olheiras, palidez mórbida, tristeza no olhar. Destaque para o momento em que sua figura macabra invade o quarto do protagonista pela janela, voando como uma bruxa. Embora seja melhor representada, o terceiro ato faz com que ela desapareça do filme, deixando algumas evidências para assombrar o jovem advogado.

O Final

(Spoilers!! Não leia se você não quiser saber o que acontece no final de cada versão)

Depois de toda a carga depressiva do longa de 2012, o final bonitinho acaba com todas as boas avaliações! A babá e o filho Joseph vão encontrar Arthur na cidade para juntos retornar de trem para a morada, após a missão não muito bem realizada. A Mulher de Preto aparece e faz com que o garoto entre na linha do trem, bem no momento em que o veículo surgia no horizonte. Tentando evitar uma tragédia ainda maior em sua vida, Arthur pula sobre o garoto e ambos morrem atropelados. O garoto pergunta ao pai sobre uma mulher que aparece de branco próxima a eles, e Arthur diz que é a mãe dele. Ambos dão a mão à mulher e caminham juntos pela linha, sendo observados pela vilã.

Em 1989, o fim é mais trágico, com uma última visão da mulher de preto extremamente assustadora. Depois de praticamente incendiar o escritório, Arthur é demitido e decide levar esposa e filhos embora de Londres. O advogado e a família estão passeando de barco num lago tranquilo, num dia bonito, quando ele avista na água a mulher de preto, como se flutuasse no local. Antes que pudesse agir, uma árvore próxima cai sobre o barco, matando-os. Sem cena romântica, sem final Ghost…os créditos surgem deixando o espectador boquiaberto. Uma conclusão pessimista, ousada, sensacional!

A Produção

Feito para o cinema, a direção de James Watkins (Eden Lake) é mais adequada para a proposta de adaptação da obra de Susan Hill. O roteiro, escrito por Jane Goldman (X-Men: Primeira Classe), não consegue resgatar a atmosfera das produções antigas da Hammer, que eram conhecidas pelo excesso de cores e pelas belíssimas mulheres, muitas vezes nuas. A fotografia ficou a cargo de Tim Maurice-Jones (A Inveja Mata), que soube mesclar um tom acinzentado com os ótimos settings da produção. Numa avaliação geral, A Mulher de Preto, versão 2012, podia ser melhor, se seus realizadores optassem por um final mais ousado, ao invés de apelar tão somente para uma campanha de divulgação do primeiro longa de Daniel Radcliffe pós-Harry.

Já a versão made-for-tv, de 1989, teve o comando do experiente Herbert Wise, com um currículo voltado exclusivamente para séries e média-metragens. Baseou-se mais no romance e teve o auxílio do roteiro de Nigel Kneale, que, em 1966, escreveu a trama de The Witches, clássico da Hammer com Joan Fontaine. Como sua característica televisa, obviamente que o filme segue uma trama mais lenta, com mais desenvolvimento de personagens do que cenas assustadoras.

A Verdadeira Mulher de Preto

A escritora inglesa Susan Hill, nascida em 5 de fevereiro de 1942 em North Yorkshire, ganhou quatro prêmios por suas obras, principalmente o Somerset Maugham pelo romance I’m the King of the Castle, de 1971. Demonstrando algumas características góticas em seus trabalhos, foi somente com The Woman in Black, publicado em 1983, que ela resolveu desenvolver uma típica história de fantasmas. Depois, ela ainda lançaria em 1992 outro livro com o mesmo tom, intitulado The Mist in the Mirror. Atualmente, a autora tem se dedicado ao gênero policial, criando o detetive Simon Serrailler, tendo em The Betrayal of Trust (2011) seu mais recente trabalho.

Primeiramente adaptado como uma peça de teatro, com exibição em 1987 até os dias de hoje no Fortune Theatre, The Woman in Black só viraria um longa-metragem dois anos depois, com direção de Herbert Wise. Mesmo com a versão lançada em 2012, ainda assim ambas as produções não seguiram à risca o texto original, talvez necessitando de um trabalho mais fiel a obra da escritora. No livro, o jovem advogado Arthur Kipps é induzido a viajar para Crythin Gifford, uma pequena cidade na costa oeste do Reino Unido, para prestar assistência ao funeral da Sra. Alice Drablow, uma velha que vivia isolada e afastada na mansão Eel Marsh. Logo Kipps percebe que há mais mistérios em torno da viúva, quando nota uma figura silênciosa, vestindo-se de preto, e rodeada de crianças no cemitério. Enquanto pesquisa os papéis da morada, o advogado é atormentado por sons inexplicáveis envolvendo um acidente com uma carroça e gritos de uma criança e sua babá, situações assustadoras, e ainda é assombrado constantemente pela tal mulher de preto.

Os moradores de Crythin Gifford estão relutantes em dizer qualquer coisa sobre a Sra. Drablow e a misteriosa mulher de preto. Com algumas fontes, Kipps descobre que a irmã de Alice Drablow, Jennet Humfrye, deu a ela uma criança pois engravidou sem se casar. Alice e seu marido adotam o bebê, chamado Nathaniel, insistindo para que o pequeno nunca saiba que Jennet seria sua mãe verdadeira. É claro que os gritos que o advogado ouvia eram do menino.

Jennet afastou-se por algum tempo, mas não conseguiu ficar muito longe de seu filho. Então, ela fez um acordo com Alice sobre o qual poderia viver na Mansão Eel Marsh e acompanhar o crescimento de Nathaniel, desde que nunca revele a ele a verdade. Certo dia, enquanto o garoto vinha em direção à mansão, sua carroça sofreu um acidente no pântano, matando todos os ocupantes do veículo, sob a visão de Jennet pela janela, que aguardava o garoto para fugir com ele. Depressiva, Jennet morreria tempos depois, mas retornaria para assombrar o local como um espírito malévolo que não aceita a felicidade de outros pais e seus filhos. Sua aparição sempre leva à morte alguma criança.

Após sua estada na região, Arthur volta para Londres, onde se casa com uma mulher chamada Stella, gerando uma criança. Anos depois, enquanto a família viajava numa carroça, Kipps volta a ver a mulher de preto: ela surge na frente do veículo, assusta o cavalo e o faz colidir com uma árvore. O menino morre na hora, enquanto Stella fica gravemente ferida, falecendo dez meses depois. A mulher de preto concluiu mais uma vingança!

MULHER DE PRETO 2

Título Original: The Woman in Black 2: Angel of Death
Ano: 2014 • País: UK, EUA, CANADÁ
Direção: Tom Harper
Roteiro: Jon Croker 
Produção: Tobin Armbrust, Ben Holden, Richard Jackson, Simon Oakes
Elenco: Helen McCrory, Jeremy Irvine, Phoebe Fox, Mary Roscoe, Amelia Crouch, Amelia Pidgeon, Casper Allpress, Pip Pearce, Leilah de Meza, Alfie Simmons, Oaklee Pendergast, Thomas Arnold

Já foi dito uma vez, mas vale uma nova menção: não há nada pior do que um filme de terror que não causa medo. É como uma comédia que não proporciona risadas ou um drama que não evoca emoções. Quando as expectativas primárias não são atendidas, o público tende a procurar outras qualidades no produto para justificar o tempo perdido: conteúdo relevante, elenco afinado, final surpreendente, cenas assustadoras. “Você viu o filme A Mulher de Preto 2?“; “Vi, sim. Achei sem graça.“; “Mas e a cena em que o espírito vingativo desce pelo teto? Ou as mãos que prendem a protagonista nas águas escuras?“;”Nem lembro direito, eu cochilei antes do fim“. Momentos pontuais não salvam uma produção de seu fiasco, até mesmo porque você pode até se lembrar de uma ou outra cena, mas esquecerá onde a viu. “Como chama aquele filme em que um rapaz encontra um menino fantasma dentro de um pequeno avião?”

A Mulher de Preto 2 sofre da maldição das continuações de remakes. Se as refilmagens já são, na maioria dos casos, desnecessárias, quando fazem sucesso, os produtores passam a acreditar que é possível se aproveitar do filão para continuar – a seu modo – o filme, o que ocasiona resultados muito mais desastrosos do que o produto original. Fazem parte desta categoria longas como Halloween 2 (2009), de Rob Zombie; A Mosca 2 (1989), de Chris Walas; Quarentena 2 (2011), de John Pogue; O Chamado 2 (2005), de Hideo Nakata; Pulse 2 (2008), de Joel Soisson; O Massacre da Serra Elétrica: O Início (2006), de Jonathan Liebesman; entre outros. Ao invés de investirem em ideias originais, eles preferem aproveitar a fórmula estabelecida no remake para 1) repetir o que fez sucesso; 2) corrigir o que foi criticado; 3) ampliar o conteúdo; e, assim, “obrigar” o público a ver o primeiro novamente ou buscar o segundo como conclusão da franquia, mesmo que não tenha gostado do original.

As intenções iniciais de refazer um filme como A Mulher de Preto, de 1989, pareciam boas já que o original era extremamente obscuro, feito para a TV, com sérias limitações, ainda que eficiente na atmosfera desenvolvida. Diferente de O Massacre da Serra Elétrica, O Enigma de Outro Mundo ou Psicose, este filme de Herbert Wise, realizado a partir do romance de Susan Hill, justificava sua nova realização. James Watkins comandou um bom filme em 2012, mas pecou nos excessos, nos efeitos digitais e nas aparições exageradas da antagonista. Se o enredo apostasse mais na sutileza, algo que remetesse ao clássico Os Inocentes (1961), por exemplo, haveria grandes chances de entrar em qualquer top dos maiores destaques do gênero. O trailer da continuação deixava transparecer essa possibilidade, ao esconder a vilã e trabalhar mais o ambiente depressivo de um período de guerra.

Essas possibilidades até se concretizaram, mas, infelizmente, mais uma vez, de forma exagerada: esconderam tão bem a fantasma que acabou se tornando um desafio à paciência encontrá-la no filme. Consequentemente o terror acabou sendo deixado em segundo plano, optando mais (muito mais) pela ambientação macabra, pela sensação de insegurança e pelo desenvolvimento dos dramas particulares das personagens. No último ato, talvez para justificar o gênero a qual pretendiam enquadrá-lo, resolveram encher de cenas de sustos sonoros para o público saltar nos assentos do cinema e ficar com uma suposta boa impressão de que o filme é assustador. Ora, é muito mais pavoroso saber que você investiu seu dinheiro em algo completamente desnecessário, tanto quanto se comprasse um rebobinador de DVDs (não se espantem, isso existe!).

O longa se passa quarenta anos depois do primeiro, num período conhecido como Blitz da Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas bombardearam o Reino Unido, incluindo Londres, ocasionando muitas mortes e destruição. A professora Eve Parkins (Phoebe Fox) e a diretora Jean Hogg (Helen McCrory, a Narcissa Malfoy da franquia Harry Potter) resgataram um grupo de crianças de uma escola e o levaram a uma cidade pequena do interior, conhecida como Crythin Gifford – a mesma do filme anterior. No caminho, na viagem de trem, ela conhece o piloto Harry Burnstow (Jeremy Irvine, de Grandes Esperanças, 2012) rumo a um aeródromo nas proximidades do vilarejo. Com o apoio do Dr.Rhodes (Adrian Rawlins, que fez o protagonista de A Mulher de Preto, de 1989), eles se estabelecem na famigerada mansão Eel Marsh, local onde Arthur Kipps (Daniel Radcliffe) fez suas buscas e descobriu, da pior forma possível, a maldição da mulher de luto.

A cidade está abandonada. O único residente parece ser o insano Hermit Jacob (Ned Dennehy), que, cego, confronta Eve por trazer crianças a uma região condenada. Entre os pequenos, destaca-se o recém-órfão Edward (Oaklee Pendergast, de Wer, 2013), cujos pais morreram nos bombardeios. Devido ao trauma, ele não pronuncia uma palavra sequer, preferindo escrever pequenos bilhetes quando precisa se comunicar. Essa sua condição carente servirá para outros garotos o incomodarem durante sua estadia na mansão, repetindo alguns clichês do gênero como a brincadeira de esconde-esconde que resulta no pequeno preso em um quarto assombrado.

Aos poucos, Eve passa a conhecer as motivações do fantasma vingativo, principalmente quando encontra uma gravação de Alice Drablow (Eve Pearce) relatando o seu pesadelo antes de encontrar a morte nas mãos da mulher de preto, Jennet Humpfrye, a mãe da criança que ela adotou. Com a morte prematura do filho Nathaniel no pântano, ela está disposta a se vingar de todas as mãe, levando os filhos a suicídios. Isso não é spoiler, já que você deve ter visto o primeiro filme, pressupõe-se. Talvez seja se eu dissesse por que o fantasma busca torturar Eve, relacionando a perda do filho a um trauma particular da professora. Demora uma eternidade para a mulher de preto dar as caras no filme de Tom Harper, seu primeiro trabalho para o cinema. Até lá, o roteiro de Jon Croker opta pelo desenvolvimento dos traumas das personagens, incluindo o do piloto Harry, da diretora e até mesmo do cego Jacob. Isso não seria problema se o enredo não tivesse tantas releituras de outras produções e motivasse o espectador a acompanhar os acontecimentos. 

Em vez disso, há o velho recurso do pesadelo explicativo da protagonista; e algumas subtramas que não servem para nada que não seja “enrolar o público“. Além disso, ao criar mini-vilões, como as crianças que incomodam Edward, parece que o roteiro busca justificar suas mortes, talvez para amenizar o choque no espectador. Outro problema facilmente identificado está na ausência da sensação de claustrofobia: no primeiro (e no original), a mansão era isolada por uma passagem que a maré costumava esconder; neste, a passagem está ali, mas esse isolamento não existe, permitindo que os personagens possam se locomover à noite.

Por outro lado, o trabalho de direção de arte é bem feito, principalmente na construção do período. Também vale menção positiva mais uma vez o uso de bonecas assustadoras nos ambientes (sabe-se lá por que ainda estão lá, mesmo depois de quarenta anos), o uso da forte neblina do pântano que intensifica o cenário pessimista e algumas cenas envolvendo as crianças mortas, em companhia da mulher de preto. Sustos falsos, do tipo jump scares, pipocam no filme, sem melhorar o resultado final, deixando a sensação de perda de um tempo precioso e jamais recuperado.


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