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GENERAL CUSTER - DA HISTÓRIA PARA AS TELAS


GENERAL CUSTER - HISTÓRIA VS CINEMA

George Armstrong Custer, conhecido como General Custer (New Rumley, Ohio, 5 de dezembro de 1839 — rio Little Bighorn, Montana, 25 de junho de 1876) foi um militar norte americano.

Na Guerra de Secessão, destacou-se como um agressivo oficial de cavalaria da União, alcançando o posto temporário (brevet) de general de brigada de voluntários com apenas 25 anos de idade. Teve um papel de destaque em várias batalhas, como em Gettysburg, o maior combate daquela guerra. Após a guerra civil, retornou ao seu posto permanente de capitão do exército regular no Quinto Regimento de Cavalaria. Em 1866, foi nomeado tenente-coronel, sua patente final. Lotado no recém-formado Sétimo Regimento de Cavalaria, tomou parte nas guerras Indígenas. No dia 25 de junho de 1876, acabou por encontrar a morte na famosa batalha de Little Big Horn. Nessa operação, ele conduziu o Sétimo Regimento de Cavalaria num ataque contra a maior concentração de índios da história dos Estados Unidos. Entre os líderes indígenas, estavam Touro Sentado, Cavalo Louco ou Cavalo Doido, Galha e Duas Luas. Comandando cerca de seiscentos homens, Custer dividiu suas tropas em quatro colunas. Uma, comandada por ele e as outras, comandadas pelo major Reno, pelo capitão Benteen e pelo capitão McDougal. Dando início ao ataque, Custer tentou cercar a aldeia atacando em vários pontos, o que acabou por decretar sua derrota. Além de a aldeia ser enorme, com cerca de 10 000 índios, com 3 000 ou 4 000 guerreiros, seus comandados, principalmente Reno e Benteen, desobedeceram suas ordens e o abandonaram cercado com cerca de 210 homens. Poucos personagens históricos foram tão focalizados pelo cinema como George Armstrong Custer, o controverso oficial da Cavalaria da U.S. Army. Entre as dezenas de faroestes que falaram de Custer, o mais famoso ainda é “O Intrépido General Custer” (They Died With Their Boots On), filme de 1941, dirigido por Raoul Walsh. Esse épico protagonizado por Errol Flynn é uma verdadeira festa para os que gostam de apontar as inverdades que Hollywood coloca nas telas.

CUSTER E A II GUERRA MUNDIAL - 

Os muitos autores que se propuseram a biografar o extravagante militar sempre discordaram em diversos dos pontos mais obscuros da vida de Custer. O western biográfico produzido pela Warner Bros. em 1941 não fugiu à regra e apesar de reconhecido como um grande filme western foi também bastante criticado pela inacurácia com que abordou a vida de George Armstrong Custer. Nos anos 40 era moda no cinema filmar biografias, quase todas elas excessivamente romanceadas e com Custer não poderia ser diferente até porque ele considerado um herói nacional e em tempos de guerra o cinema tinha que obrigatoriamente dar sua contribuição na luta contra o Eixo. No entanto, ainda que timidamente, “O Intrépido General Custer” mostra algumas facetas nada enaltecedoras da personalidade de Custer, mas mesmo quando se propõe a ser menos fantasioso o filme erra bastante. O título original “They Died With Their Boots On” (Eles Morreram Calçados com suas Botas) é de fazer inveja aos mais bizarros título de westerns-spaghettis e foi chamado em Portugal de “Todos Morreram Calçados”. Na Itália recebeu o título “La Storia del Generale Custer” e no Brasil, ainda bem, foi chamado “O Intrépido General Custer”, condizente não só com o verdadeiro Custer mas também com o protagonista Errol Flynn, sempre intrépido em seus inesquecíveis filmes de aventuras.

A ÚLTIMA PORÇÃO DE CEBOLAS 

Como não poderia deixar de ser o filme de Raoul Walsh inventa personagens à vontade, alguns deles decisivos na vida filmada de Custer. O principal é ‘Ned Sharp’ (Arthur Kennedy) tão fictício quanto algumas passagens fantasiosas da biografia de Custer. E por falar em fantasia, nada melhor que colocar ao lado do precoce general uma espécie de sidekick, na época das filmagens figura muito comum a quase todos os mocinhos do cinema. Vale lembrar que ‘Gabby’ Hayes era tão famoso quanto os próprios mocinhos. Inventou-se então o engraçado ‘California Joe’ (Charley Grapewin) que aceita o convite de Custer para fazer parte do 7.º Regimento de Cavalaria desde que não tenha que usar aquelas calças enfeitadas (sic) que os soldados usavam. Quando o filme fala de personagens reais como os Generais Sheridan e Winfield o roteiro consegue embaralhar por completo a história no tempo e no espaço. O General Philip H. Sheridan (John Litel), famoso por ter pronunciado a frase “O único índio bom é o índio morto” é transformado no filme em tio da futura esposa de Custer, parentesco que nunca existiu. Em 1861, aos 30 anos de idade, Sheridan era apenas Tenente e não o Comandante da Academia de West Point como é mostrado em “O Intrépido General Custer”. Após o ataque ao Forte Sumter em 1861, que detonou a Guerra de Secessão, Sheridan, conseguiu a patente de Capitão. Com o General Winfield Scott (Sidney Greenstreet) o filme se dá uma liberdade ainda maior ao narrar o encontro de Winfield com o cadete Custer num restaurante do Estado Maior da U.S. Army, em Washington D.C. O cadete ultraoportunista percebendo que o apetite do General Greenfield é proporcional à sua barriga cede ao general a única porção de cebolas existente e ganha as graças do General que o protege praticamente durante toda sua carreira, ou seja, até 1876. O detalhe que deve ser lembrado é que o General Winfield deu baixa do Exército norte-americano em 1862, em plena Guerra Civil, vindo a falecer em 1866.
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ADMIRADO POR GENERAIS - 

No início da Civil War o Tenente George Armstrong Custer, recém-saído de West Point, gravitou sempre na órbita de generais importantes como George B. McClellan e Alfred Pleasonton, que não são citados em “O Intrépido General Custer”. A nomeação de Custer como General de Brigada, foi narrada em tom de comédia quando na realidade ela foi fruto de mérito do então 1.º Tenente Custer que se destacou sobremaneira nas batalhas que participou sob o comando do General Pleasonton. Esse General era comandante de uma Divisão de Cavalaria e após a Batalha de Chancellorsville tornou-se o Comandante de toda a Cavalaria que lutava na região do Rio Potomac. Diante da necessidade de criação de novas Divisões de Cavalaria e da necessidade de novos comandantes, o General Pleasonton usando dos atributos de seu cargo nomeou interinamente Custer como General de Brigada. Pleasonton levava as palavras garbo e elegância muito a sério, desfilando todo emplumado, no que foi seguido por Custer que passou a usar uniformes exageradamente enfeitados. A promoção de Custer, que no filme é tratada jocosamente como erro de um escriturário, é uma farsa grosseira e desnecessária, lembrada 30 anos depois por Blake Edwards em “Um Convidado Bem Trapalhão”, com Peter Sellers.

RECORDISTA DE BAIXAS EM BATALHAS - 


Os comandados de Custer somente o chamavam de ‘Boy General’, pelas costas é claro, pois o exibicionista militar tinha apenas 23 anos em 1863 (Custer nasceu em 5 de dezembro de 1839). “O Intrépido General Custer” mostra de forma acidental a ascensão de Custer, mas exibe brilhantemente em flashes curtos batalhas como a de Bull Run que deram fama ao jovem General interino. O filme de Raoul Walsh exibe durante as batalhas um Custer comandando as tropas, sempre à frente de seus homens, ao contrário dos demais generais que assistiam de longe a selvageria das batalhas fratricidas. Omite, porém, que as tropas sob o comando de Custer eram as que apresentavam o maior número de baixas, ainda que conquistando avanços importantes em vitórias espetaculares. Em Gettysburg, por exemplo, em uma da ousadas investidas do 1.º Regimento de Cavalaria de Michigan, comandado por Custer contra tropas confederadas, a baixa foi de 257 homens, a maior que se tem notícia nos anais da Cavalaria. E “O Intrépido General Custer” nada fala da arrogância de Custer no trato com seus subordinados a quem humilhava cruelmente com ou sem razão. E finda a Guerra Civil haveria ainda o período da Guerra Contra os Índios, mas antes o filme se detém no romance entre George e Libbie.

O ADÚLTERO GENERAL CUSTER 

Elizabeth Bacon, a jovem Libbie (nome por vezes grafado Libby) interpretada por Olivia de Havilland nunca esteve em West Point e menos ainda para visitar o ‘Tio Phil’ (Sheridan) como se vê em “O Intrépido General Custer”. Até porque a pretensa amizade entre Sheridan e o pai de Libbie foi inventada no filme. Em 1862 Custer obteve uma licença do Exército e viajou para a cidade de Monroe, Michigan, onde passara a infância. Era Dia de Ação de Graças quando Custer foi apresentado a Libbie, a quem conhecera na infância. A razão verdadeira de o pai de Libbie não concordar com o casamento era devido às origens de Custer que era filho de um ferreiro, opinião que mudou quando Custer passou a General de Brigada. O casamento só ocorreu em 1864. Não poderia ser neste filme que glorifica a figura e Custer que seria lembrada a polêmica relação extraconjugal que Custer teria tido com uma jovem cheyenne de 17 anos chamada Monahsetah, que resultou em dois filhos. Monahsetah era filha do chefe cheyenne Little Rock que foi morto no massacre de Washita River. A relação de Custer com Monahsetah e a paternidade de duas crianças foi denunciada pelo Capitão Frederick Benteen e pelos próprios cheyennes. Alguns biógrafos de Custer não acreditam na veracidade do episódio pois sabia-se que Custer era estéril devido a ter contraído gonorréia quando ainda era cadete em West Point. Libbie sobreviveu a Custer, como viúva, por 57 anos, vindo a falecer em 1933. Durante toda sua viuvez Libbie procurou defender vigorosamente a memória do marido refutando qualquer lembrança que denegrisse sua reputação, chegando mesmo aos tribunais para conservar a imagem de herói e de homem digno de Custer. Segundo Libbie, no episódio da índia cheyenne, seu marido George Armstrong havia sido confundido com o irmão, Thomas Custer, que seria o pai dos dois mestiços. Olivia de Havilland era o par constante de Errol Flynn nos filmes da Warner e por isso foi escolhida para o papel, tendo mesmo alguma semelhança fisionômica com a verdadeira Elizabeth Bacon. 

A MAIOR DAS MENTIRAS –

Entre tantas mentiras contidas em “O Intrépido General Custer”, a mais imperdoável delas é certamente tentar fazer crer que Custer era um homem de honradez e moral inatacáveis. À tentação de ser envolvido em negócios escusos Custer reage com indignação aos fictícios especuladores que visam expandir a Ferrovia Northern Pacific ao Território de Dakota. Contam para isso com a influência do nome de Custer e oferecem a ele o irrecusável salário de 10 mil dólares por ano, o que causa repulsa ao correto Custer. Muitos biógrafos afirmam que, ao contrário do que é narrado em “O Intrépido General Custer”, o próprio Custer foi o responsável pela veiculação do boato que havia ouro nas Colinas Negras, o que provocou uma verdadeira corrida do ouro ao local. Esse local denominado Black Hills em Inglês, era considerado sagrado pelos índios que não queriam abrir mão da região. O Governo norte-americano tentou em vão adquirir Black Hills que pertencia aos índios pelos tratados assinados. O Governo então passou a enviar tropas para expulsar os índios para as reservas. Inconformadas as tribos lideradas por Cavalo Doido e Touro Sentado passaram a atacar os brancos que invadiam suas terras. O clamor geral da população branca passou a exigir represálias contra os ‘selvagens’, represálias prontamente atendidas pelo presidente Ulysses S. Grant.

AMBIÇÃO POLÍTICA 

O presidente Ulysses S. Grant não tinha, de modo geral, boa imagem e sua sucessão movimentava os candidatos interessados. O megalomano Custer sonhava ser presidente dos Estados Unidos mas para isso necessitava de mais exposição pública, o que viria com novas ações militares que comprovassem ser ele não só o bravo soldado da Guerra Civil mas também um grande estrategista militar. Finda a Guerra Civil Custer tinha a patente de Capitão, mas ao receber o comando do Forte Lincoln ele passou a Tenente-Coronel, dando fama ao 7.º Regimento de Cavalaria. Com sua visão mercadológica Custer sabia que perseguindo os índios com novas exibições de sua impetuosidade, como havia feito em 1868 no massacre de uma tribo cheyenne em Washita River, voltaria a ser reconhecido como herói nacional. Paralelamente a isso sabe-se que pela região estratégica do Forte Lincoln, Custer deu proteção a todos os homens brancos que queriam expandir seus negócios em território indígena. Em “O Intrépido General Custer”, porém, Custer é mostrado como nobre amigo e defensor dos índios e de seus direitos às terras, especialmente as de Black Hills.

AMIGO DE CAVALO LOUCO 

Sem nenhum constrangimento o filme de Raoul Walsh faz de Custer um homem ciente do desrespeito aos índios de quem é amigo, como o chefe Cavalo Louco (Anthony Quinn). Na realidade o chefe sioux jamais parlamentou com Custer como se vê em “O Intrépido General Custer”, ainda que seja verdadeira a cessão cada vez maior de seus territórios para que os brancos fizessem seus assentamentos. Custer desrespeitou os tratados feitos com as nações indígenas e as incursões do 7.º Regimento de Cavalaria aos territórios dos índios os levou à coalizão que juntou siouxes, cheyennes, oglalas, pés-negros e outras tribos. Quando organizou o 7.º Regimento de Cavalaria Custer não tinha mais a patente interina de General de Brigada dos tempos da Guerra Civil, sendo então Tenente-Coronel. Mais correto seria tratá-lo como Coronel Custer e foi com essa patente que desdobrou o 7.º regimento em três subdivisões para avançar contra os índios. A Divisão comandada pelo Major Marcus Reno rumou para o Norte; a Divisão comandada pelo Capitão Frederick Benteen foi para o Oeste do Território; Custer levou seu destacamento para o Leste, partindo com 208 soldados para reconhecimento do território indígena.

O MAIS HOMENAGEADO DOS SOLDADOS 

 Mesmo sabedor que as diversas tribos somavam mais de três mil guerreiros Custer investiu em sua missão suicida. Apenas um estado de total insanidade justifica ter ele acreditado que sairia daquele território coberto de glórias. Emboscado em Little Big Horn, Custer encontrou o fim de sua vida. No filme, quase que antevendo a campanha de vilificação das décadas seguintes, o General Sheridan consola a viúva Libbie dizendo a ela “seu soldado ganhou sua última batalha”. De certa forma pode-se dizer que Custer foi vitorioso como demonstram as seis cidades norte-americanas que hoje chamam-se ‘Custer’, nos Estados do Colorado, Idaho, Montana, Nebraska, Oklahoma e Dakota do Sul. Ou as vilas denominadas ‘Custer’ em Dakota, Ohio, Wisconsin e Michigan. E ainda o Cemitério Nacional Custer em Little Big Horn. Há estátuas eqüestres ou não em homenagem a Custer espalhadas por todo os Estados Unidos, assim como memoriais, estradas, pontes, parques e escolas. Cerca de 300 livros já foram escritos sobre Custer, 45 filmes falaram dele diretamente e há mais de mil pinturas mostrando Custer em ação. Mas esse soldado de vida tão trágica quanto controvertida teve no empolgante “O Intrépido General Custer” uma de suas mais belas e emocionantes (pouco realistas, é certo) lembranças.

O LENDÁRIO GENERAL CUSTER 

O mesmo cinema que em outros tempos romantizava e idealizava enganosamente a vida de homens célebres, passou a mostrar a verdade de suas biografias. Um das mais polêmicas personalidades da história norte-americana foi o General George Armstrong Custer, a quem Hollywood, nas primeiras cinco décadas, retratou como mártir e herói e hoje é visto nas telas de modo bastante diferente, para dizer o mínimo.

O PIOR CADETE DE WEST POINT 

Se no início da 2.ª Guerra Mundial foi importante para os Estados Unidos levantar o moral do cidadão norte-americano construindo uma imagem fantasiosa de um grande herói, em tempos de pós-Vietnã a desmistificação veio de forma até cruel. E descobrimos que Custer era péssimo aluno, tendo sido o último colocado entre os 34 cadetes graduados em West Point em 1861. Suas notas eram assombrosamente baixas, somente conseguindo se tornar 2.º tenente porque já estava em curso a Guerra de Secessão e mais oficiais eram necessários para enfrentar o Sul que estava fortemente armado e liderado por generais como Robert Lee, Jeb Stuart e Thomas 'Stonewall' Jackson. E descobrimos que Custer era um homem egocêntrico, megalomaníaco e, usando um termo em moda, perfeito ‘marqueteiro’. E descobrimos que Custer era um sádico ávido por exterminar as nações indígenas pois isso lhe dava projeção nacional. E descobrimos que, mesmo como estrategista, Custer foi um fracasso levando à morte, em Little Big Horn, praticamente todo o 7.º Regimento de Cavalaria sob seu comando. Mas independente da verdade histórica o apaixonado por cinema jamais deixará de se emocionar ao rever pela enésima vez Errol Flynn (Custer) sucumbir diante dos milhares de índios comandados por Anthony Quinn (Crazy Horse) na batalha final de “O Intrépido General Custer”.

UM SÉCULO DE CUSTER NO CINEMA 

Inúmeras vezes a vida de Custer foi levada ao cinema, outras tantas ele apareceu em filmes como personagem importante nas histórias do Velho Oeste. A TV não ficou atrás, explorou e até hoje explora a imagem do irrequieto oficial da Cavalaria Norte-Americana. A primeira vez que isso aconteceu foi em 1912, em “Custer’s Last Fight”, dirigido e protagonizado pelo então poderoso Francis Ford, que já lançava no cinema seu jovem irmão Jack (John) Ford. Era um filme de 30 minutos, curto mas suficiente para iniciar a glorificação cinematográfica de Custer. Por diversas vezes a Batalha de Little Big Horn seria assunto de westerns no cinema mudo, sendo que as últimas e mais importantes foram em 1926 com produções estreladas por atores de renome como Dustin Farnum em “Flaming Frontier” e John Beck em “General Custer at Little Big Horn”. Custer estreou no cinema falado na pele do ator William Desmond em “O Fantasma Vingador” (The Last Frontier), seriado em 12 episódios estrelado por Creighton Chaney, que depois mudaria o nome para Lon Chaney Jr. Em 1936, o lendário general foi interpretado por John Miljan na superprodução de Cecil B. DeMille “Jornadas Heróicas” (The Plaisman), em que Gary Cooper interpreta Wild Bill Hickok. Em 1940 George Armstrong foi interpretado por Paul Kelly, em “O Bamba do Sertão” (Wyoming), estrelado por Wallace Beery. Em seguida por Addison Richards em “Badlands of Dakota”, estrelado por Robert Stack. Em 1940 foi a vez de Ronald Reagan se transformar no General Custer em “A Estrada de Santa Fé”, filme em que a estrela era Errol Flynn interpretando o general sulista Jeb Stuart, numa das muitas vezes em que foi dirigido pelo diretor Michael Curtiz. E viria, então, o mais famoso filme abordando a vida de Custer.
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O INTRÉPIDO ERROL FLYNN 

O ano era 1941 e a Warner escalou a dobradinha Michael Curtiz-Errol Flynn para mais um sucesso garantido que seria a biografia de George Armstrong Custer, exatamente num momento em que eclodia o maior conflito mundial de todos os tempos. Errol Flynn sempre gostou de uma boa confusão e avisou Jack Warner que não queria mais trabalhar com aquele húngaro maluco (Curtiz). Como o papel de Custer era talhado para Errol Flynn, Jack Warner substituiu o detestado mas confiável diretor por Raoul Walsh que por sinal ficava muito mais à vontade no gênero western que o diretor de “As Aventuras de Robin Hood” e “Capitão Blood”. O filme biográfico se chamou “O Intrépido General Custer” (They Died With Their Boots On) e arrasou nas bilheterias, como não poderia deixar de ser. Hoje pode-se dizer que o sucesso desse filme foi tão grande quanto as críticas negativas que passou a sofrer nas últimas décadas, isto por ser um filme sem nenhum compromisso com a verdade histórica, ou seja, típico produto da Hollywood da época de ouro do cinema. Porém, todo garoto, após ver o filme, saia do cinema sonhando ser tão heróico como aquele general de cabelos longos e jaqueta de couro amarela com franjas. E nas brincadeiras de mocinho a meninada gostava de morrer de forma épica como o Custer de Errol Flynn, com a espada em uma mão e o revólver na outra em meio aos ‘covardes’ índios. Afinal o cinema sempre foi uma fábrica de ilusões.

CUSTER, UM ETERNO PERSONAGEM 

Errol Flynn encarnou o definitivo General Custer nas telas. No entanto o fantasma desse general rondava o cinema e seus roteiristas, até que em 1951 o ator James Millican (“Matar ou Morrer”), trouxe Custer novamente para as telas no filme “Sanha Selvagem” (Warpath), estrelado por Edmond O’Brien e pela linda atriz iniciante Polly Bergen. No ano seguinte Custer foi revivido por Sheb Wooley (também de “Matar ou Morrer”) em uma ‘pontinha’ em “O Último Baluarte” (Bugles in the Afternoon), estrelado por Ray Milland. Em 1958 foi a vez de Walt Disney se aproveitar da fama do lendário General Custer num western para toda família chamado “Tonka, o Bravo Comanche” (Tonka). Sal Mineo é um jovem índio dono do cavalo Tonka e Custer foi interpretado por Britt Lomond. Em 1965 Philip Carey interpretou Custer em “O Grande Massacre”, com Joseph Cotten como o Major Reno. Somente em 1968 o cinema se lembraria outra vez de Custer, em “As Espingardas do Faroeste”, uma refilmagem de “The Plainsman”, desta vez com Don Murray no papel que fora de Gary Cooper (Wild Bill Hickok), enquanto Custer foi interpretado por um ainda sério Leslie Nielsen. 1967 seria um grande ano para a figura de Custer pois o respeitado diretor Robert Siodmak dirigiu “Os Bravos não se Rendem” (Custer of the West), ambicioso filme programado para o processo Cinerama e que era para ser dirigido por Akira Kurosawa. O ator inglês Robert Shaw é quem interpreta Custer, coadjuvado por um elenco onde se destacam Robert Ryan, Jeffrey Hunter e Guy Stockwell. 

Nesse mesmo ano a TV norte-americana colocou no ar a série “Custer”, com Wayne Maunder vivendo o intrépido general e com Slim Pickens também no elenco. A série durou apenas 17 episódios, não fazendo sucesso e sendo cancelada na primeira temporada. Aproveitando os cenários da série foi produzido o longa-metragem “Os Bravos Nunca Morrem” (The Legend of Custer), feito para o cinema, com o mesmo elenco da série da TV, ou seja, Wayne Maunder interpretou Custer também na tela grande. A figura do General Custer apareceu até em séries não westerns, como em O Túnel do Tempo, no episódio “Massacre”, exibido em outubro de 1966. Nesse episódio a viagem no tempo transporta Tony (James Darren) e Doug (Robert Colbert) para o ano de 1876 quando Cavalaria e índios se enfrentavam com Custer e Crazy Horse presentes. O ator Joe Maross interpretou o discutido comandante do 7.º Regimento de Cavalaria.

UM ÍNDIO CENTENÁRIO FALA DE CUSTER 

A partir dos anos 60 o cinema norte-americano já havia adotado alinha revisionista e em 1970 Arthur Penn rodou “O Pequeno Grande Homem” (Little Big Man), talvez a mais cara produção envolvendo a presença do General Custer. O filme é narrado pelo índio Jack Crabb (Dustin Hoffman) que atingiu a idade centenária de 121 anos, tendo sobrevivido a Little Big Horn e tendo convivido com Custer. E é Jack Crabb quem conta de forma realista quem foi o mais famoso general da Cavalaria dos Estados Unidos. Quem interpreta Custer é Richard Mulligan e o massacre de Washita River, em 1868, é um dos pontos altos deste que foi um dos principais westerns daqueles anos. “O Pequeno Grande Homem” relata a história de Custer como nunca antes havia sido contada no cinema. O grande destaque do elenco é Chief Dan George, índio de 71 anos que teria outra brilhante atuação em “Josey Wales, o Fora-da-Lei”. E para quem achava que os europeus já haviam cansado de brincar de mocinho, eis que em 1974, o diretor italiano Marco Ferreri (de “A Comilança” e “A Crônica do Amor Louco”) decide falar de Little Big Horn. Para isso reuniu Michel Picolli, Philippe Noiret, Ugo Tognazzi e Catherine Deneuve para uma insólita recriação da vida de Custer. Ah, George Armstrong é interpretado por Marcello Mastroianni. Essa absurda comédia intitulada “Não Toque na Moça Branca” (Touche Pas à La Femme Blanche), apesar do elenco de primeira foi um fracasso de bilheteria.


Custer esperaria mais 12 anos para que, em 1991, outro filme focalizasse sua vida em “Son of the Morning Star”, produzido para a TV e com o personagem principal de General Custer interpretado por Gary Cole. Com 187 minutos, esse western é original porque a vida de Custer é contada a partir da visão de sua mulher Libbie (Rosanna Arquette) e de Kate Bighead (Buffy St. Mary). O papel de Custer foi oferecido a Kevin Costner que vinha do grande sucesso com “Dança com Lobos”, no entanto Costner não aceitou a proposta de trabalho para essa produção para a TV. Entre tantos intérpretes de Custer no cinema certamente Gary Cole é aquele que mais se assemelha fisionomicamente com o general. Em 2009, foi produzido para o cinema “Uma Noite no Museu 2” e entre Napoleão, Ivan o Terrível, Al Capone, Átila e Lincoln, surge o General Custer. Notícias de Hollywood dão conta que será filmado em agosto próximo e lançado em 2013 o filme “O Importante é Vencer” (The Hard Ride) com Val Kilmer de volta à sela novamente, ao lado de Wes Studi e Don Murray. Neste western passado em 1876 o ator Christopher Atkins (o menino de “A Lagoa Azul”) interpretará George Armstrong Custer. Esse lançamento ocorrerá 101 anos após Francis Ford ter interpretado o General Custer pela primeira vez no cinema e por certo não será esta a última vez que o lendário General do 7.º Regimento da Cavalaria surja orgulhoso e garbosamente nas telas.


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