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IN THE FLESH 1ª TEMPORADA



In The Flesh é provavelmente minha maior surpresa no que diz respeito a seriados em 2013.

Quando li sobre a série de zumbis que a BBC Three (da Inglaterra) estava lançando, praticamente nada me chamou atenção e a premissa me soava tão absurda que eu imaginava que as chances disso funcionar eram de 1 em 1 milhão. O primeiro episódio foi ao ar no domingo 17/03, a série estreou e eu passei batido, até que decidi conferir o piloto, ainda incrédulo.

A verdade é que o primeiro episódio é fantástico. Em praticamente todos os sentidos. Caracterização, roteiro, direção, desenvolvimento de personagens, ritmo. Nada parece estar fora do lugar, a atenção aos detalhes é grande e a trama vai sendo costurada retalho por retalho, sem subestimar o espectador em momento algum e apresentando a ele o necessário para que a história seja compreendida, ao mesmo tempo em que insere elementos para o desenvolvimento de uma mitologia e liga os tempos passado e presente.

A história se passa em um mundo pós-apocalíptico. Por razões ainda desconhecidas, as pessoas mortas em 2009 (no piloto não fica exatamente claro se foram apenas os mortos deste ano, mas é o que o roteiro nos leva a entender) se levantaram da terra como zumbis e promoveram um ataque aos humanos. No momento atual, tudo já está sob controle, na medida do possível. O governo encontrou um medicamento que controla a “sede” dos zumbis, eles estão sendo tratados (desde o uso da droga que os deixa “normais” até lentes de contato e cremes para conferir uma aparência “humana”) e até o termo “zumbi” é substituído por “Síndrome do Falecimento Parcial”.
O protagonista é Kieren, jovem que, antes de morrer, residia no vilarejo de Roarton – o primeiro a organizar uma resistência contra os zumbis (sua irmã, Jam, faz parte de tal resistência). O tratamento está surtindo efeito e é hora de Kieren voltar para casa – na surdina, já que os moradores do local são contra a tentativa do governo de reintegrar os ex-zumbis à sociedade.

O maior trunfo do piloto é o modo como ele humaniza seu protagonista (e todos aqueles que se encontram na mesma situação), seja por ações do próprio Kieren ou pelos outros personagens da série. In The Flesh traz os portadores da Síndrome do Falecimento Parcial como uma minoria (poderiam ser negros, gays, pessoas com deficiência ou qualquer outro grupo ainda hoje marginalizado por uma parte da sociedade); existem as pessoas totalmente contrárias a que eles sejam inseridos novamente no convívio social (a maior parte dos habitantes de Roarton), as simpatizantes, os grupos de defesa, os programas do governo para a proteção, as lei que punem a discriminação… Enfim. É uma caricatura da sociedade atual, por assim dizer.

E tais discursos (tanto os de ódio quanto os de um mundo igualitário) são amparados por um texto que sabe colocar seus personagens no centro das emoções e transferir para eles uma carga emocional que faz com que os mesmos consigam, sem qualquer tipo de problema, despertar reações diversas e imediatas, seja o ódio, a simpatia, a repugnância. Ao mesmo tempo, o roteiro se preocupa em não unidimensionar todos eles, o que torna algumas figuras (como a irmã de Kieren) mais interessantes do que elas seriam aparentemente. O elenco, vale ressaltar, dá conta de tudo o que precisa, sem arranhar a harmonia do que é jogado em tela.

A costura feita entre passado e presente é outro ponto interessante, por, ao mesmo tempo em que responde perguntas básicas, como as circunstâncias da primeira morte de Kieren e o momento onde os mortos levantaram, levanta outras tantas dúvidas que, caso a série fosse ruim, já poderiam levar alguém a assistir os próximos episódios.
O potencial despertado por este piloto é gigantesco. Os 2 episódios restantes da temporada (como é tradição na BBC, as temporadas são bem curtas) podem trilhar por inúmeros caminhos – e a fantástica sequência final e a pequena promo do fim do episódio mostra que os produtores parecem saber exatamente para que lado vão caminhar. Que o futuro seja tão bom quanto o agora, mas, a despeito do que vai acontecer, uma coisa é certa: In the Flesh já está na lista dos melhores pilotos que eu já assisti.


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